Covid-19: pode ser necessário vacinar 90% da população para atingir a imunidade de grupo - TVI

Covid-19: pode ser necessário vacinar 90% da população para atingir a imunidade de grupo

Dúvidas sobre a transmissibilidade do vírus em pessoas já vacinadas dividem especialistas

Portugal caminha de forma clara para uma quarta vaga de covid-19. Mesmo com o avanço do processo de vacinação, é claro o aumento do número de casos diários, o que se começa a refletir nos internamentos.

É isso mesmo que destaca o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Manuel Carmo Gomes, que reconhece que ainda não é possível estabelecer uma associação clara entre o número de novos casos e o nível de internamentos, tal como não se sabe ao certo qual a verdadeira percentagem necessária para atingir a imunidade grupo.

Sobre o efeito da vacina, Manuel Carmo Gomes atesta a eficácia da proteção em casos de doenças graves ou de morte, com os dados a apontarem que 10% a 20% das pessoas vacinadas podem ser infetadas, e como tal, transmitir o vírus na comunidade.

Isso mesmo está espelhado na estratificação de casos, com os contágios a aparecerem sobretudo na população mais jovem, que tem uma muito menor taxa de vacinação.

Falando na prevalência e importância da variante Delta, o professor entende que é preciso confirmar se será ou não possível alcançar a imunidade de grupo, até porque as novas mutações elevaram a percentagem de população vacinada para imunidade de grupo para 85% ou 90%.

A imunidade de grupo implica romper a circulação do vírus", explicou, afirmando que ainda não é certo qual o nível de percentagem de eficácia das vacinas a cortar a transmissibilidade.

Neste ponto, Manuel Carmo Gomes admite que possa ser necessário expandir a vacinação aos mais jovens, incluindo às crianças, mas refere que esse é um assunto que está a dividir a comunidade científica. 

De volta aos internamentos, a idade das pessoas que agora dão entrada nos hospitais é diferente daquilo que foi nas outras vagas, e isso faz com que o tempo e a gravidade dos internamentos sejam menores.

Ainda assim, Manuel Carmo Gomes destaca que há um mês havia pouco mais de 50 pessoas em unidades de cuidados intensivos, número que entretanto subiu para mais de 110, dados que também se refletem nas enfermarias, onde já estão mais de 500 pessoas.

Ainda temos dificuldade em estabelecer uma associação entre o número de novos casos e o impacto nos hospitais", referiu, explicando que é preciso cuidado com as previsões relacionadas com o nível limite de incidência, que já ronda os 200 casos por 100 mil habitantes, quando o limite definido pelo Governo foi 120.

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