Coronavírus: Marcelo admite possível “problema europeu” mas sem fecho de fronteiras - TVI

Coronavírus: Marcelo admite possível “problema europeu” mas sem fecho de fronteiras

  • RL - atualizada às 19:36
  • 25 fev 2020, 17:11

Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, alertou para a impossibilidade do fecho de fronteiras, apesar do aumento de casos de coronavírus em Itália

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou esta terça-feira que o coronavírus Covid-19 pode transformar-se num “problema europeu”, dado o aumento de casos em Itália, mas alertou para a impossibilidade do fecho de fronteiras.

Temos a noção de que há aqui um problema que se pode converter num problema europeu, porque a Itália não descobriu ainda a fonte, a origem, da cadeia que chega agora a muitas localidades e, não descobrindo, e com a circulação que existe sobretudo para os países vizinhos em termos de fronteiras da Itália, isto acaba por ir parar um pouco a toda a Europa, a uma parte significativa da Europa”, disse o Presidente.

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas à margem de uma visita à Academia Johnson, em Alfragide, Amadora (distrito de Lisboa), e acrescentou que “tudo o que está a ser feito para preparar a estrutura para um eventual agravamento está a ser feito de forma rápida, mas está a ser bem feito”.

“Isso é impossível, fechar fronteiras. Alguns países acham que é possível fechar fronteiras, o que eles estão a fazer é controlar algumas pessoas na fronteira, e todos nós sabemos que as pessoas circulam de tal maneira na Europa, que há tantos pontos de passagem por terra, não estou a dizer por mar ou por ar, mas por terra, que é muito difícil fechar fronteiras”, considerou.

Na ótica do Presidente, a “solução é preparar para o futuro uma ação conjunta, como se está a fazer agora e estar preparado mesmo para aquilo que ninguém esperaria”.

O Presidente assinalou que “ainda há pouco” falou com a ministra da Saúde, Marta Temido, e congratulou-se por, “mais uma vez”, ter sido “negativo o teste, e tem sido assim sucessivamente, daqueles que nos últimos dias vão chegando de Itália”.

Fazendo uma retrospetiva, Marcelo apontou que, “quando foi a gripe A, soube-se que ela ia chegar muito antes de ela ter chegado”, ao contrário do que aconteceu com o atual Covid-19, que “verdadeiramente só se soube em janeiro, aquilo que está a chegar no final de fevereiro”.

Desde aí, foi preciso “pôr de pé, em todos os países, estruturas para responderem a uma hipótese de agravamento” e "todo o mundo está a ir atrás do prejuízo", advogou, evidenciando que esta situação tem afetado a economia dos países.

“A Europa foi também apanhada de surpresa, ninguém foi prevenido”, apontou, referindo que “a Europa e o mundo foi descobrindo o que se passava e tiveram de pôr de pé uma coordenação”.

Questionado se Portugal está a responder de forma adequada, o Presidente da República assinalou que "as autoridades portuguesas estão a tentar atingir" o equilíbrio entre dizer a verdade sem criar o pânico porque "as pessoas estão um bocadinho 'apanicadas'".

"Estamos todos preocupados porque não sabemos como é que será a evolução próxima na Europa", frisou ainda.

Marcelo diz que foi feita uma "grande pressão" para português sair do navio

 O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que foi "feita permanentemente" uma "grande pressão" para que o português infetado com Covid-19 fosse transferido do navio de cruzeiros para um hospital, mas ressalvou que "quem manda no Japão é o Japão".

O chefe de Estado falava aos jornalistas no final de uma visita à Academia do Johnson, em Alfragide, Amadora (distrito de Lisboa), quando foi questionado sobre o único português infetado, que está internado no Japão.

Marcelo Rebelo de Sousa explicou que o desembarque “demorava tempo”, e era feito tendo em conta critérios como “a ordem de gravidade das situações do ponto de vista das autoridades sanitárias japonesas”.

“Era preciso fazer uma grande pressão, que foi feita permanentemente, para deixar passar alguém que estava numa situação que, para eles, era menos crítica, porque era assintomática, porque durante muito tempo não tinha sintomas tão graves como outros tinham”, sublinhou o Presidente, identificando que “explicar isso a uma pessoa é muito difícil, e explicar a quem está aqui à distância e quer estar com o marido, e que sofre, era quase impossível”, acrescentou.

O Presidente da República adiantou igualmente que “ia falando várias vezes ao longo deste tempo" com a mulher de Adriano Maranhão, Emmanuelle, mas nunca conseguiu falar diretamente com ele.

Tentei falar com ele, nunca consegui (...), mas o que acontece é que é compreensível o estado de espírito dele, até quanto mais eu me empenhava, mais ele estava convencido que era eu que podia resolver o problema, e não percebia que estava o embaixador, estava Ministérios dos Negócios Estrangeiros, estava Ministério da Saúde estava toda a gente, Direção-geral da Saúde, a puxar por aquele caso mas enfim, foi possível a transferência”, referiu.

O Presidente apontou que “uma pessoa que é apanhada de surpresa, sabe que está naquela situação, fica fechado numa cabine, fica sem saber bem qual é o seu estado de saúde, começa, como toda a gente que está solitária e longe da família, começa a empreender e a ficar angustiada e nervosa, e a transmitir cá para fora o seu estado de alma”.

“E é muito difícil explicar a essa pessoa, como foi difícil explicar à sua esposa, à senhora Emmanuelle, que as autoridades estavam a fazer os impossíveis, que quem manda no Japão é o Japão, são as autoridades japonesas, que as autoridades japonesas estavam perante um facto novo, primeiro a situação dos passageiros, depois a situação dos tripulantes”, assinalou.

A mulher de Adriano Maranhão, o português infetado com o coronavírus Covid-19, avançou esta terça-feira que o gabinete da Presidência da República garantiu estar a tratar “de um canal de comunicação” para fazer a ponte e acompanhar a situação do marido.

Em declarações à Lusa via telefone, Emanuelle Maranhão explicou ter falado com “alguém do gabinete do Presidente da Republica” que lhe deu a garantia de estar a “tratar de abrir um canal de comunicação que faça a ponte”.

Depois de ter falado com ele, fiz os contactos com a embaixada para dar conta daquilo que sabia e com a Presidência da República”, explicou.

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