Ordem abre inquérito a psicóloga que comparou homossexualidade e toxicodependência - TVI

Ordem abre inquérito a psicóloga que comparou homossexualidade e toxicodependência

Maria José Vilaça já se justificou mas Ordem considera declarações, proferidas a título profissional, de "extrema gravidade"

A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) vai abrir um inquérito à responsável da Associação dos Psicólogos Católicos (APSIC), Maria José Vilaça.

Em causa está uma entrevista em que a psicóloga faz uma aparente comparação entre a homossexualidade e a toxicodependência.

Em declarações à revista Família Cristã, Maria José Vilaça disse que para aceitar o filho não é preciso aceitar a homossexualidade, "é como ter um filho toxicodependente".

Em comunicado, a Ordem dos Psicólogos considera as declarações de "extrema gravidade" e irá participar os factos ao Conselho Jurisdicional da Ordem, para que seja aberto um inquérito.

Na sequência desta decisão estão as “dezenas de queixas” que a ordem recebeu e o facto de Maria José Vilaça “ter falado a título profissional”, refere em comunicado a OPP, sublinhando que “não se revê nas afirmações proferidas” e que estas não representam a opinião da ordem.

Para a OPP, estas declarações “não apresentam qualquer tipo de base científica” e “apenas contrariam a defesa dos direitos humanos, da evolução e equilíbrio social, e dificultam a afirmação dos psicólogos na sociedade”.

A participação da ordem teve em consideração o esclarecimento dado posteriormente pela psicóloga, na sua página na rede social Facebook.

Nesse esclarecimento, Maria José Vilaça explica que “o que disse é que perante um filho que tem um comportamento com o qual os pais não concordam, devem na mesma acolhê-lo e amá-lo". "A toxicodependência é apenas exemplo de comportamento que por vezes leva os pais a rejeitar o filho. Não é uma comparação sobre a homossexualidade mas sobre a atitude diante dela", argumentou.

Homossexuais católicas consideram declarações "infelizes"

A Associação Rumos Novos – Homossexuais Católicos considerou hoje infelizes as declarações da psicóloga Maria José Vilaça sobre ter um filho homossexual, mas ressalva que as suas palavras apelam “ao acolhimento e amor dos pais” pelo filho ‘gay’.

“Não concordando com parte do conteúdo e achando infeliz o exemplo encontrado, notamos o apelo ao acolhimento e amor dos pais por qualquer filho ou filha que seja homossexual, ainda que não concordando estes com essa mesma orientação sexual”, afirma a associação em comunicado.

Perante isto, afirma, “a lição que devemos reter é a ler os artigos na íntegra e não excertos descontextualizados e, sobretudo, em não sermos lestos no gritar ‘homofóbica’”.

A este propósito, a Rumos Novos afirma que tem vindo a assistir-se a “um fenómeno curioso e preocupante”, de que “quem expressa uma opinião contrária à nossa”, neste caso a homossexualidade, “é necessariamente homofóbico”.

“Queremos rotular de homofóbica toda a pessoa que discorda de nós, que tem uma opinião diversa sobre a homossexualidade, mesmo que não incite ao ódio contra quem quer que seja”, sublinha.

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