Face Oculta: Lino confrontado com divergências - TVI

Face Oculta: Lino confrontado com divergências

Em causa está o que disse esta quinta-feira e o que disse na instrução

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O Ministério Público está a confrontar Mário Lino, enquanto testemunha do processo «Face Oculta», com «divergências» entre o que o ex-ministro disse hoje em audiência e o que declarou no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC).

De acordo com a Lusa, a audição de uma longa gravação com testemunho de Lino no TCIC começou a ser ouvida no tribunal de Aveiro durante a tarde de hoje, prosseguindo na quinta-feira, dia 9, altura em que o ex-ministro voltará a depor.

Em causa estão detalhes dos contactos de Mário Lino com o presidente da Refer, Luís Pardal, sobre Manuel Godinho, principal arguido do processo «Face Oculta», e com o próprio sucateiro de Ovar.

O antigo titular da pasta das Obras Públicas disse, hoje, de manhã, que recebeu Godinho, que o ouviu queixar-se de que as suas empresas estariam a ser perseguidas pela Refer, e que pediu a Luís Pardal para escutar as razões do sucateiro.

Ainda assim, garante ter assumido, perante o próprio Godinho, que ele próprio também tinha dúvidas sobre a lisura do seu grupo empresarial, nos negócios com a Refer, e que isso o levara a mandar dois relatórios alusivos para a Procuradoria-Geral da República.

Na descrição da conversa, Lino não referiu, por exemplo, que Godinho lhe falara de um acórdão da Relação do Porto favorável às suas empresas e que se relacionava com o processo «Carril Dourado», sobre furto de carris na linha do Tua. E, segundo o procurador Marques Vidal, esse facto tinha sido mencionado perante o TCIC.

Ainda na tarde de hoje, Mário Lino deu a imagem de um ministro assoberbado, mas de gabinete aberto. «Até trabalhadores recebia», garantiu, depois de o advogado Pedro Duro, representante da assistente Refer, ter manifestado «estranheza» por o ex-ministro receber o sucateiro Manuel Godinho, que representava um por cento nos serviços prestados a 22 empresas tuteladas pelo Ministério das Obras Públicas.

Mário Lino disse que delegou várias competências nos secretários de Estado. Apesar disso, acrescentou, «eram mais as vezes que reuni com a administração de empresas do que as que endossei essas pessoas para os secretários de Estado» da área.

Questionado sobre o seu relacionamento com Ana Paula Vitorino, declarou-o cordial, sublinhando que a tinha convidado para o cargo e que nunca sentiu necessidade de propor ao primeiro-ministro a substituição de qualquer secretário de Estado.

Também garantiu que Ana Paula Vitorino nunca falou consigo sobre destituições na Refer e na CP.

A acusação do processo «Face Oculta» coloca Ana Paula Vitorino como a figura do Governo que tentava travar a alegada «rede tentacular» do sucateiro Manuel Godinho e afirma, por outro lado, que Mário Lino terá sofrido pressões do ex-ministro Armando Vara e do gestor Lopes Barreira, coarguidos no processo, com vista à destituição de Luís Pardal da liderança da Refer.
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