Covid-19: "Não sabemos o que nos espera", diz Ministra da Saúde - TVI

Covid-19: "Não sabemos o que nos espera", diz Ministra da Saúde

Governo diz que uso obrigatório de máscara na rua aplica-se quando não é possível manter o distanciamento social. Marta Temido afirma que um novo confinamento é um cenário "que todos os governos farão para evitar"

Face à evolução da pandemia em Portugal, a ministra da Saúde, Marta Temido, disse em entrevista à TVI que "não sabemos o que nos espera, mas sabemos que já tivemos três fases" e que, "agora, estamos numa nova fase de crescimento".

A ministra da Saúde afirmou que o risco de transmissibilidade varia entre os 0,91 na região do Algarve e 1,2 na região Norte.

Sobre a adoção de semáforos regionais ou locais em Portugal, à semelhança do que tem acontecido na Europa, a ministra afasta essa possibilidade .

Não tem estado muito de acordo com aquilo que tem sido a nossa estratégia de intervenção. Porque somos um país relativamente pequeno e porque temos adotado uma estratégia mais de participação das populações e de envolvimento das populações. A questão dos semáforos tem um risco de estigmatização elevado e nós não podemos ser indiferentes aos movimentos que têm acontecido por toda a Europa de rejeição das medidas, e que são medidas necessárias", afirmou a ministra.

 

A questão de colorir uma área e de associar os seus residentes, de uma forma direta ou indireta, é de alguma forma algo que não é compatível com aquilo que não é uma abordagem de saúde pública", esclareceu. 

Recorde-se que Portugal ultrapassou esta quarta-feira a barreira dos dois mil casos de infeção diários e o primeiro-ministro decretou que todo o país entra em Estado de Calamidade a partir desta quinta-feira.

Uso de máscara como medida complementar 

Em entrevista à TVI, a ministra da saúde esclareceu ainda que o uso da máscara é uma medida complementar de outras, numa altura em que se especulava se o Governo iria decretar o uso obrigatório de máscara ao ar livre.

A máscara continua a ser obrigatória em espaços fechados e é recomendada em espalos abertos, nos quais a distância recomendada como distância de segurança não é possível manter. A ideia é torná-la obrigatória na rua nos lociais onde não seja possível manter o espaçamento físico de segurança", disse Marta Temido.

Mas não é só sobre a questão das máscaras que se tem especulado. Face ao agravamento da pandemia em Portugal, muito se tem falado se Portugal poderá voltar a um novo confinamento. Sobre esta matéria, Marta Temido, diz que é "um cenário que todos os governos farão para evitar".

Hoje todos sabemos que é uma opção extrema que tem efeitos secundários terríveis para os mais desfavorecidos", adiantou a ministra, que não excluiu "medidas setoriais mais gravosas em função da situação epidemiológica".

Pela primeira vez, Portugal ultrapassou a barreira dos 2.000 casos diários. É o dia com mais novos casos desde o início da pandemia e muito acima do anterior recorde, registado no sábado. Só a região Norte registou 1.001 casos positivos e três óbitos. Lisboa e Vale do Tejo contabiliza 802 novos casos e quatro mortes.

Já o número de internamentos subiu para 957 (mais 41), com mais três doentes nos cuidados intensivos, elevando o total para 135. Marta Temido revelou na entrevista que em Portugal há 511 camas em unidades de cuidados intensivos polivalentes para adultos.

As faixas etárias onde se registam mais casos positivos situa-se entre os 20 e os 49 anos, mas o maior número de óbitos ocorre acima dos 80 anos.

Ministra responde aos bastonários da Ordem dos Médicos

Sobre a carta dos bastonários da Ordem dos Médicos, em que cinco ex-bastonários e o atual criticam o Governo quanto à estratégia usada para lidar com a pandemia, a ministra da Saúde afirma que se for necessário contratar privados “o Estado assim o fará” e realça que essa colaboração "já está planeada".

Marta Temido relembra que, neste momento, o Sistema Nacional de Saúde tem um desafio duplo: "dar resposta à covid e às demais necessidades e não podemos encostar metade do Serviço Nacional de Saúde ao lado e dizer-lhe que vai só ocupar-se de uma realidade".

 

Parece que nos estão a empurrar”, afirmou Marta Temido, mostrando ser desnecessária tal pressão.

Marta Temido reitera que Governo prevê a contratação de 4.200 profissionais de saúde.

 

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