MP pede 20 anos de prisão para jovem que matou ex-namorada - TVI

MP pede 20 anos de prisão para jovem que matou ex-namorada

Portugal com 22 mil crimes de violência doméstica em 2007

Arguido, de 21 anos, é acusado também de ter escondido cadáver no forno de uma antiga serração em Braga. Crime ocorreu em outubro de 2013

O Ministério Público (MP) pediu, esta quarta-feira, 18 a 20 anos de prisão para um jovem acusado de matar a ex-namorada e de esconder o cadáver no forno de uma antiga serração em Braga, em outubro de 2013.

Segundo o procurador João Teixeira Alves, há «um conjunto de provas documentais» que, somado ao depoimento de algumas testemunhas, permitem concluir que o arguido foi o autor do crime e que agiu com premeditação.

Apontou, entre os outros, os factos de o arguido ter comprado uma pistola cerca de um mês antes do homicídio e de ter faltado ao trabalho na tarde do dia do crime, sem dar qualquer justificação ao patrão. Posteriormente, terá pedido ao patrão e aos colegas para mentirem à polícia sobre a sua ausência no posto de trabalho nesse dia.

No dia dos factos, à noite, o arguido, atualmente com 21 anos, foi ao cinema com aquele que era considerado o seu melhor amigo, e, segundo o testemunho que este prestou em tribunal, ter-lhe-á confessado a autoria do homicídio.

O magistrado considerou que se tratou de um crime passional, alegadamente cometido após o arguido ter descoberto que a ex-namorada mantinha relacionamentos paralelos com outros homens e que trabalhava no alterne.

Imputou-lhe a prática dos crimes de homicídio qualificado e de profanação de cadáver, pedindo uma pena entre 18 e 20 anos de prisão. Uma posição corroborada pelo advogado da família da vítima, Paulo da Costa Magalhães, que considerou que o arguido agiu «ferido de amor». «Ficou perdido e cometeu um ato de loucura», acrescentou, pedindo «pelo menos» 20 anos de prisão.

O advogado do jovem, Artur Marques, alegou que, se não fosse a alegada confissão do arguido ao amigo, não existiria qualquer prova irrefutável sobre a autoria do crime. «Apenas há provas circunstanciais poderosíssimas, muito fortes, mas não há a prova», defendeu.

Artur Marques acrescentou que, se o tribunal valorizar aquela alegada confissão, o arguido deverá ser condenado por homicídio simples, por considerar que «não há nenhuma prova que permita qualificar o crime».

A vítima, uma jovem de 20 anos, esteve dada como desaparecida desde 11 de outubro de 2013 até 11 de janeiro, data em que o corpo foi encontrado acidentalmente por um grupo de jovens que praticava paintball. Atado de pés e mãos, o corpo estava no forno de uma antiga serração em Santa Lucrécia de Algeriz, em Braga, a 800 metros da casa do arguido.

Em tribunal, o arguido negou a prática do crime, assumindo apenas que o namoro entre ambos tinha acabado no verão desse ano e que no dia dos factos esteve com a ex-namorada em Braga, alegadamente para lhe dar um telemóvel noutro, em substituição de um outro que lhe terá partido durante uma discussão. Disse ainda que depois do encontro, que ocorreu ao início da tarde, foi para casa dormir.

No entanto, e segundo a acusação, o arguido terá levado a ex-namorada para uma antiga serração em Santa Lucrécia de Algeriz, em Braga, onde terá tentado matá-la tiro, efetuando três disparos com uma arma de gás. No corpo da vítima, foram encontrados «bagos» compatíveis com as caraterísticas daquela arma. Como a ex-namorada não morreu, o arguido atou-a de pés e mãos, asfixiou-a com um cabo de borracha, embrulhou-a num lençol e escondeu-a dentro de um forno.

A leitura do acórdão está marcada para 20 de novembro.
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