Professores criticam ministério por acumularem aulas com correção de exames - TVI

Professores criticam ministério por acumularem aulas com correção de exames

Dois mil professores vão para o quadro

Metade das cerca de 210 mil provas finais do 4.º e do 6.º anoforam realizadas esta semana

Os professores acusam o Ministério da Educação de estar a atribuir demasiados exames para correção aos docentes, lembrando que terão de acumular esta tarefa com as aulas, que ainda decorrem.

Metade das cerca de 210 mil provas finais do 4.º e do 6.º ano, que foram realizadas esta semana, já começaram a ser distribuídas pelos professores classificadores: esta quarta-feira foram as de Português e na sexta-feira deverão ser as de Matemática.

«Há professores na minha escola que receberam 40 e 50 provas para corrigir e todos estão a trabalhar, a dar aulas todos os dias», contou à Lusa Manuel Pereira, presidente Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) e diretor do Agrupamento de Escolas de Cinfões.

Nos últimos dois dias começaram a chegar aos sindicatos da Federação Nacional de Professores (Fenprof) queixas relativas a esta questão, contou à Lusa o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira.

Contactado pela Lusa, fonte do ministério disse que «foram dadas instruções aos agrupamentos de exames para que, tendo em conta o número de professores disponível na bolsa e o tempo disponível para a classificação das provas finais, fosse atribuído a cada classificador cerca de 40 provas». Além disso, o MEC deu dois dias de dispensa aos professores para que pudessem corrigir os exames.

«Mas isto já está a provocar problemas, porque só agora as escolas tomaram conhecimento do despacho que dá os dois dias aos professores, mas exige que as escolas tenham forma de garantir que os alunos ficam nas escolas», contou Mário Nogueira.

O dirigente sindical diz que alguns estabelecimentos de ensino já fizeram saber que, sem os professores clasificadores, não podem manter os alunos na escola: «Acabei de falar com uma professora de Portimão, do 4.º ano, a quem não querem dar os dois dias porque a escola não tem como ficar com os outros alunos», contou.

À Lusa, o vice-presidente da Associação Nacional de diretores de Agrupamentos e Escolas Pública (ANDAEP)reconheceu que esta medida poderá trazer alguns constrangimentos, que podem ser minimizados se os docentes não tirarem todos ao mesmo tempo os dois dias para corrigir as provas.

Filinto Lima lembrou que existe um prazo alargado para usar os dois dias de dispensa. «O período de classificação é de cerca de 13 dias úteis para a prova de Português do 1.º ciclo, o que corresponde a cerca de três provas por dia», diz o ministério.

A Fenprof voltou a criticar a decisão ministerial de introduzir os exames no 4.º e 6.º anos e o facto de estas provas se realizarem durante o tempo de aulas.

«Já não bastava o facto de estes exames levarem a que milhares de alunos fiquem sem aulas e agora ainda vão ficar outros tantos porque os professores estão a corrigir as provas», criticou Mário Nogueira.

As provas que agora começaram a ser corrigidas valem 30% da nota final.

Também o presidente do Conselho de Escolas, José Eduardo Lemos, considera que é preciso repensar o calendário dos exames: «Penso que qualquer dia será preciso repensar todos os serviços de exames, porque têm sido impostos às escolas calendários e orientações que por vezes não são os melhores».

José Eduardo Lemos reconheceu que «as escolas não estão muito satisfeitas com a forma como está organizado o serviço de exames».

Em relação à correção destes exames, a Fenprof já decidiu que vai exigir do ministério o pagamento desse serviço.
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