Via Verde do AVC com dificuldades em manter equipas de prevenção - TVI

Via Verde do AVC com dificuldades em manter equipas de prevenção

Pressão Arterial (Reuters)

Alerta feito pelo Sindicato dos Enfermeiros

 A dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) Guadalupe Simões alertou esta quarta-feira para a existência de serviços da Via Verde Coronária e do AVC com dificuldades em garantir equipas de prevenção devido à diminuição do valor pago aos profissionais.

Guadalupe Simões falava à agência Lusa a propósito da morte de um jovem no Hospital de São José, em Lisboa, por alegada falta de assistência especializada ao fim de semana.

Para a dirigente do SEP, esta situação – que existe em outras áreas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) – deve-se à diminuição do valor pago às equipas de prevenção que optam por ficar em casa com a família.

“Daquilo que temos conhecimento, há variadíssimos serviços da chamada Via Verde Coronária e para o AVC (Acidente Vascular Cerebral) com dificuldades em manter equipas de prevenção, precisamente por causa dos cortes”, adiantou.


Antes dos cortes decididos pela anterior equipa ministerial, dirigida por Paulo Macedo, os profissionais das equipas de prevenção recebiam como se estivessem a trabalhar durante o período em que estavam de prevenção, sem que tal exigisse a sua presença no hospital.

Em caso de serem chamados, estes profissionais recebiam valores de hora extraordinária.

Os cortes determinaram que o valor a pagar por hora extraordinária baixasse 50 por cento e que, em alguns casos, os profissionais passassem a não receber enquanto estão de prevenção, fora da instituição.

“Esta situação só acontece porque o Governo anterior decidiu proceder a variadíssimos cortes e um deles foi a diminuição do pagamento às equipas de prevenção”, afirmou.


O jovem David Duarte, 29 anos, foi internado no Hospital de São José no dia 11 de dezembro, tendo-lhe sido diagnosticado uma hemorragia cerebral provocada por um aneurisma e a precisar de uma intervenção cirúrgica rápida.

No entanto, uma vez que nesta instituição não existe ao fim de semana equipas completas de neurorradiologia de intervenção para que as operações se possam realizar, tal como acontece no Hospital de Santa Maria, o jovem acabou por morrer sem a intervenção recomendada para o seu caso.

Esta morte foi noticiada pelo jornal Correio da Manhã na edição de terça-feira, no mesmo dia em que, segundo disse hoje o ministro da Saúde, a tutela tomou conhecimento do caso.

Ao início da noite de terça-feira, durante uma conferência de imprensa, foi anunciada a demissão do presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo e dos presidentes dos conselhos de administração do Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC), Teresa Sustelo, e do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), Carlos Martins.

O ministro da Saúde determinou, entretanto, a abertura de um inquérito ao caso a realizar pela Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS), tendo também o Ministério Público aberto um inquérito.

Adalberto Campos Fernandes espera receber ainda hoje o primeiro “relatório circunstancial” que solicitou ao CHLC sobre este caso.
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