A associação de apoio a imigrantes e refugiados Coragem Disponível lamentou a inatividade da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), reclamando mais ações no terreno junto dos requerentes de asilo para promover Portugal como país recetor.
A PAR tem sido muito inativa. Acho que tem feito o mínimo possível", referiu Sandra Coelho, voluntária da Coragem Disponível, explicando que a PAR "devia estar a preparar as pessoas para os acolher, a dar formação às pessoas".
Sandra Coelho referiu que é necessária mais informação prática de como se vão aplicar as medidas de receção aos refugiados em Portugal.
"Ouvimos o nosso primeiro-ministro a dizer que podem acolher 10 mil pessoas, mas não o vejo a falar de como, quando, e de quem irá acompanhar. Não vejo nenhum tipo de informação, sei apenas que a PAR tem uma data de protocolos com instituições para darem apoio às pessoas que arranjem casas para receberem as famílias", considerou.
A voluntária defendeu que as ações de promoção de Portugal junto dos refugiados pecam por tardias.
A promoção de Portugal já devia ter sido feita há um ano. Mal a PAR assumiu funções em setembro, em outubro já deviam lá estar [nos campos de refugiados]. Se há vontade de acolher, arranjem meios de as pessoas ficarem a conhecer Portugal", indicou.
O responsável pela PAR, Rui Marques, referiu que "cada um tem o direito de fazer as críticas que entender", sublinhando que "o discurso que existe de que não há preparação, que não se está a dar formação e que as instituições não estão preparadas, coincide com o discurso da extrema-direita que Portugal não está preparado e não deve receber refugiados".
Rui Marques indicou que a PAR tem uma operação em curso na Grécia, com presença em Lesbos e em Atenas, promoveu cursos de ‘e-learning’ para 500 pessoas e salientou que o vídeo com informação sobre o programa de recolocação produzido pela PAR "tem sido elogiado pela agência europeia de asilo porque é o único país que desenvolveu um vídeo com informação completa em árabe".
O responsável pela PAR acrescentou que "não deve ser feita nenhuma ação de marketing ou de captação de refugiados para Portugal", sustentando que o objetivo da PAR é promover "um esforço de informação para que os refugiados conheçam o que está disponível".
De acordo com a PAR, Portugal já recebeu 164 refugiados e desde outubro de 2015, estão prontos 704 lugares para receber requerentes de asilo no país.
Em fevereiro de 2016, o Governo português anunciou que Portugal está disponível para receber um total de 10 mil refugiados.