Comandos: suspeitos “movidos por ódio patológico e irracional” - TVI

Comandos: suspeitos “movidos por ódio patológico e irracional”

A procuradora Cândida Vilar diz que os militares suspeitos no caso das mortes no curso dos comandos trataram “os instruendos como pessoas descartáveis”. É o que consta do despacho do Ministério Público, citado pelo jornal Expresso

Cândida Vilar, a procuradora titular do processo relativo às mortes no curso dos comandos, foi particularmente severa nos termos que usou no despacho do Ministério Público. No documento, citado pelo jornal Expresso, Cândida Vilar considera que os militares agora indiciados trataram “os instruendos como pessoas descartáveis”.

No mesmo documento, Cândida Vilar refere que, face aos indícios da prática dos crimes de abuso da autoridade por ofensa à integridade física, “à personalidade dos suspeitos movidos por ódio patológico, irracional contra os instruendos, que consideram inferiores por ainda não fazerem parte do grupo de Comandos”, o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa entende que há “perigos de continuação da atividade criminosa e de perturbação do inquérito”.

Sete militares foram detidos, nesta quinta-feira, pela Polícia Judiciária Militar, no âmbito do inquérito crime que decorre à morte de dois jovens do Curso de Comandos, confirmou a TVI24 junto de fonte militar.

Os detidos são o diretor da prova, os cinco instrutores do curso e o médico de serviço, apurou, ainda, a TVI24. Tratam-se de cinco oficiais e dois sargentos.

Em comunicado, a Procuradoria-Geral da República informa que estes sete militares "são suspeitos da prática de crimes de abuso de autoridade por ofensa à integridade física".

Para além dos sete visados pelos mandados de detenção, o processo, a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, com a colaboração da Polícia Judiciária Militar, tem dois outros arguidos constituídos, dois enfermeiros, também eles militares.

Durante o 127.º curso de Comandos, morreram na sequência da instrução, que decorria no campo de tiro de Alcochete, dois jovens, Hugo Abreu e Dylan Silva. Ficaram ainda feridos mais 11 militares. 

O Expresso avança também, na edição online, que o médico militar responsável pelo socorro aos instruendos do 127 curso de Comandos pediu à Ordem dos Médicos (OM) autorização para revelar informação clínica dos pacientes para poder prestar declarações no processo e defender-se. O bastonário da OM confirmou a receção do pedido do médico Miguel Domingues: “O médico enviou um documento a pedir o levantamento do sigilo profissional, mas foi demasiado generalista e foi-lhe pedido que especificasse a situação.”

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