Pelo menos 20% das escolas não cumpre mínimo de horas de educação sexual - TVI

Pelo menos 20% das escolas não cumpre mínimo de horas de educação sexual

  • CE
  • 24 out 2019, 11:13
Escola

Dados foram revelados num relatório do Ministério da Educação

Pelo menos 20% das escolas em cada ciclo de escolaridade não cumpre a legislação no que diz respeito ao número de horas que cada turma deve dedicar à educação sexual.

O relatório do Ministério da Educação, sobre a implementação da Lei n.º 60/2009, de 6 de agosto, publicado na terça-feira pela Direção-Geral de Educação, revela os resultados de um inquérito disponibilizado às escolas entre 12 de janeiro e 17 de fevereiro deste ano.

O Projeto de Educação Sexual de Turma (PEST), que deve ser tutelado pelos diretores de turma, deve, segundo a lei, definir os conteúdos e temas a abordar, assim como as iniciativas a realizar e as entidades ou especialistas a convidar a visitar as escolas, e para cada nível de ensino há uma carga horária anual mínima que deve ser cumprida, mas que em nenhum dos ciclos de escolaridade está a ser respeitada na totalidade.

O Ministério da Educação revela que no primeiro ciclo, 25% das escolas não cumpre o mínimo de seis horas por ano ou não tem sequer projeto. Já no 2º ciclo, a percentagem é de 21%

O valor sobe ainda mais no secundário, onde pelo menos 55% das escolas não cumpre a legislação e onde o mínimo de horas anual é 12.

Questionadas sobre os condicionamentos que encontram para o cumprimento da lei, “77% não respondem, ou seja, não identificam nenhum constrangimento para a elaboração do PEST”, refere o relatório, que indica ainda necessidades residuais de formação, apontadas por 4% das escolas, e condicionamento das horas a disponibilizar e extensão do currículo, indicado por 12% das escolas. Sete por cento afirmaram não ter nada a referir.

O relatório apresenta como sugestões para ultrapassar os condicionamentos identificar as necessidades de formação a realizar e “apresentar candidatura ao selo escola saudável, cujo financiamento pode contribuir para colmatar dificuldades financeiras identificadas”.

No que diz respeito a atingir a finalidade da lei, a maioria das escolas indicou nunca ter registado, nos últimos três anos letivos, situações que violem o respeito pela diferença entre pessoas e pelas diferentes orientações sexuais ou a promoção da igualdade entre géneros, por exemplo, mas nestas mesmas questões há uma percentagem reduzida de escolas, entre 1% e 2%, que declararam ter registado cinco casos de violação destes princípios cinco ou mais vezes por ano letivo.

As escolas declaram ainda estar sensibilizadas para questões como a violência no namoro ou a mutilação genital feminina, mas a grande maioria só desenvolve projetos no âmbito da violência no namoro.

Segundo o relatório, 94% das escolas têm um professor coordenador de educação para a saúde e educação sexual e em 83% há uma equipa multidisciplinar para trabalhar esta matéria.

As equipas multidisciplinares têm quase sempre professores na sua composição, mas 75% não têm qualquer aluno e 77% não têm pais na composição, 75% não têm assistentes sociais e 18% não têm qualquer psicólogo.

É importante que a equipa tenha uma constituição em número e diversidade e também de crédito horário, que lhe permita, em articulação com a estratégia de educação para a cidadania de escola, propor e desenvolver um projeto de educação para a saúde e educação sexual conducente ao desenvolvimento de competências, nomeadamente no relacionamento interpessoal, no desenvolvimento pessoal e autonomia, no bem-estar, saúde e ambiente, na consciência e domínio do corpo, que se pretendem nos alunos à saída da escolaridade obrigatória”, refere a proposta de melhoria que consta das considerações do relatório.

As considerações apontam ainda a falta de articulação entre os coordenadores para a educação em saúde e educação sexual e os coordenadores para a cidadania, estando em causa conseguir atingir os objetivos no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, o novo documento orientador de currículos, avaliação interna e modelos de aprendizagem.

Acederam ao formulário disponibilizado pela Direção-Geral da Educação 668 escolas, das quais 633 preencheram a maioria das questões.

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