Rua em Londres foi pavimentada com mármore alentejano - TVI

Rua em Londres foi pavimentada com mármore alentejano

  • 31 out 2018, 22:44
Mint Street - Londres

Intervenção feita com caráter permanente visa promover o uso de matéria-prima considerada excedentária. Mint Street foi a pequena rua no município de Southwark, no sul de Londres, que foi pavimentada

Uma rua pavimentada com mármore alentejano, no âmbito de uma intervenção urbana, foi hoje inaugurada em Londres, com o objetivo de promover o uso de matéria-prima considerada excedentária e também de dar visibilidade à indústria portuguesa.

A intervenção, descrita como "um tapete de mármore reciclado", foi feita com excedente da pedra que é rejeitada por empreiteiros, arquitetos e designers devido a falhas, descoloração ou imperfeições e que normalmente é enviado para escombreiras, os aterros das pedreiras.

O projeto foi desenvolvido pelo designer Michael Anastassiades para o programa Primeira Pedra, da Associação Portuguesa dos Industriais dos Mármores, Granitos e Ramos Afins (ASSIMAGRA), e a associação cultural experimentadesign, em parceria com o Festival de Design de Londres.

Enquanto que normalmente o Festival faz intervenções temporárias junto de locais emblemáticos da capital britânica, esta é a primeira vez que é realizada uma obra com carácter permanente, adiantou à agência Lusa o diretor do evento, Ben Evans.

É uma forma de contribuir para a comunidade e tornar distintiva uma área que não é uma parte nobre da cidade, dando um motivo de orgulho aos moradores, e, ao mesmo tempo, celebrar o mármore e mudar a perceção de que aquele que não é usado não tem qualidade", vincou.

Mint Street é uma pequena rua no município de Southwark, no sul de Londres, numa área bastante pobre ao longo de vários séculos, onde viveu o escritor Charles Dickens, mas que está a ser alvo de uma regeneração urbana, protegendo os edifícios históricos típicos da era vitoriana, do final do século XIX.

O bairro foi sugerido por Anastassiades, designer cipriota conhecido pelo trabalho em mobiliário, iluminação e joalharia, que vive perto e que valorizou o facto de a rua ser uma das vias de entrada para um parque público.

Na obra foram usadas 40 toneladas de mármore em vários tons de rosa e azul, transportados em dois camiões a partir de Estremoz, no Alentejo.

Economia circular

Guta Moura Guedes, presidente da experimentadesign, que desenvolveu o projeto em parceria com o Festival do Design de Londres, destacou a mensagem transmitida da importância da economia circular e da colaboração entre indústria e designers.

No fundo, este mármore é tão bom como o mármore que classificamos como sendo de maior qualidade para o mercado, são apenas os requisitos de quem o compra que o tornam mais ou menos importante. A criatividade permite uma reutilização de um material que, se não fosse assim, não seria utilizado e seria perdido".

Miguel Goulão, presidente da ASSIMAGRA, espera que esta intervenção aumente a visibilidade da rocha ornamental portuguesa, cuja indústria representa um volume de negócios anual de 1,2 mil milhões de euros e exportações de 350 milhões de euros, dos quais 21 milhões de euros para o Reino Unido.

Quando conseguimos que estes grandes designers e arquitetos que trabalharam connosco no projeto Primeira Pedra se despertem para o interesse daquilo que é o nosso produto, estas coisas podem acontecer. E, no futuro, não tenho a menor dúvida de que elas acontecerão em muito maior escala, porque isto é dar a visibilidade que a nossa pedra merece e já merecia há muito tempo", defendeu.

O Primeira Pedra é um programa internacional desenvolvido desde 2016 pela experimentadesign, cofinanciado pela União Europeia e enquadrado no PORTUGAL 2020, que explora o potencial da pedra portuguesa associando a indústria ao design através do desenvolvimento de utilizações inovadoras da matéria-prima.

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