“Perturbadora”. Capa da Vogue Portugal causa controvérsia nas redes sociais - TVI

“Perturbadora”. Capa da Vogue Portugal causa controvérsia nas redes sociais

  • João Guerreiro Rodrigues
  • 5 jul 2020, 15:57
Capa da Vogue Portugal causa polémica nas redes sociais

A modelo portuguesa Sara Sampaio foi uma das vozes mais críticas da capa da publicação

Uma das quatro capas da mais recente edição da Vogue Portugal está a causar polémica na imprensa internacional e nas redes sociais. Dedicada à saúde mental, a imagem de capa de “The Madness Issue” - (a edição da loucura, numa tradução literal") mostra uma mulher numa banheira do que parece ser um hospital psiquiátrico com uma enfermeira a derramar água de um jarro na cabeça dela.

Peritos em saúde mental citados pelo jornal britânico The Guardian afirmam que promover “a estética da saúde mental” é algo problemático e que não deveria ser “uma moda”.

A modelo portuguesa Sara Sampaio foi uma das vozes mais conhecidas a juntar-se ao coro de críticas.

Este tipo de imagens não deveria representar uma discussão sobre saúde mental. Acho que é de muito mau gosto”, afirmou.

 

 

A imagem é perturbadora. Em que é que estavam a pensar?", questiona uma utilizadora. 

Nem todos os comentários foram negativos. Uma utilizadora chegou mesmo a agradecer, apesar do desconforto causado pela imagem. 

Obrigada por trazerem o tema, estou ansiosa por ler a revista. Confesso que a capa no entanto me deixa desconfortável. Perpetua um estereótipo que é o oposto do que devemos pensar quando falamos de saúde mental.", comentou outra utilizadora.

A publicação defende-se afirmando que o objetivo da capa é “começar um debate sobre saúde mental”.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

🇵🇹 A nossa edição de julho/agosto, "The Madness Issue", tem como tema a loucura, com quatro capas diferentes pensadas para abordar diferentes dimensões do comportamento humano, numa altura em que a pandemia global colocou as pessoas em confinamento. Uma das capas mostra um cenário de hospital onde a modelo está a ser cuidada pela sua mãe e avó, na vida real, fotografadas pelo fotógrafo Branislav Simoncik. A nossa intenção é abrir o tópico da saúde mental e trazer para a mesa de discussão as instituições, a ciência e as pessoas que estão envolvidas com a saúde mental nos tempos que correm. O editorial que faz esta capa explora o contexto histórico da saúde mental e foi imaginado para refletir histórias autênticas e da vida real, inspirado por uma pesquisa profunda de centenas de imagens de reportagem retiradas dos mais relevantes e famosos documentários que captaram este género de instituições. No interior da edição, encontram-se entrevistas e contributos de psiquiatras, sociólogos, psicólogos e outros especialistas na área. A saúde mental é apenas um dos tópicos abordados nesta edição e nunca é confundido com o tema "loucura", é antes abordado como um lado do comportamento humano. Reconhecemos a importância do tópico da saúde mental e a nossa intenção, através da narrativa visual, é colocar o holofote nos assuntos mais relevantes dos dias que correm.

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Uma das capas mostra um cenário de hospital onde a modelo está a ser cuidada pela sua mãe e avó, na vida real, fotografadas pelo fotógrafo Branislav Simoncik. A nossa intenção é abrir o tópico da saúde mental e trazer para a mesa de discussão as instituições, a ciência e as pessoas que estão envolvidas com a saúde mental nos tempos que correm”, explica a Vogue Portugal, numa publicação no Instagram.

Via Twitter, a Vogue Portugal sublinha ainda que a edição em causa é “sobre amor. É sobre a vida. É sobre nós. É sobre você. É sobre agora. É sobre saúde. É sobre saúde mental.”

 

Reconhecemos a importância do tópico da saúde mental e a nossa intenção, através da narrativa visual, é colocar o holofote nos assuntos mais relevantes dos dias que correm”, acrescentam.

No entanto, as intenções da revista estão longe de ser consensuais. Citada pela BBC, a psicóloga Katerina Alexandraki considera a imagem pouco ética.

Para aquelas pessoas com experiência no sistema psiquiátrico, ver uma capa de uma revista de moda a apresentar uma mulher num estado tão vulnerável pode ser uma recordação não desejada de um momento difícil das suas vidas”, afirmou.

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