A organização avisou que o desfile de Dino Alves teria dress code: preto integral. Por isso, todas as pessoas – convidados, staff e jornalistas – que não vestissem preto dos pés à cabeça não poderiam estar dentro da sala quando a apresentação da coleção começasse.
Houve quem entrasse vestido de preto, mas calçado de outra cor. A esses foi pedido que se descalçassem antes de o desfile arrancar.
Com mais de hora e meia de atraso, estava previsto para as 22:00, o desfile começou, com preto integral na plateia e na passerelle.
Manequins - eles e elas - com calças, calções, saias, vestidos, camisas, t-shirts, casacos, botas, sapatos e chapéus, tudo em preto. As outras cores foram surgindo ao longo do desfile: rosa, azul, amarelo, verde, lilás e beringela.
Para criar «Salvé a Cor», Dino Alves inspirou-se «na imagem de um povo vestido de negro», cor «imposta pela resignação, pelo julgamento popular e sobretudo pela moral católica, algumas vezes hipócrita».
Os desfiles arrancaram pelas 19:30 de sexta-feira, deveria ter sido às 18:00, também no Pátio da Galé, com o Sangue Novo, no qual participaram 12 jovens (quatro deles em dupla) - Inês Duvale, Cristina Real, Banda (Tiago Loureiro e Aloísio Rodrigues), Duarte (Ana Duarte), Patrick de Pádua, David Catalán, M HKA (Alexandre Pereira e Felícia Macedo), Patrícia da Costa, Tânia Fonseca e Ruben Damásio.
«A curiosidade é o coração da moda. É no Sangue Novo que depositamos as nossas expectativas de um admirável mundo novo», afirmou a diretora da ModaLisboa, Eduarda Abbondanza, no final do desfile coletivo.
Seguiu-se a apresentação da coleção «Tall» de Ricardo Andrez, na qual o criador e a sua equipa trabalharam «pela primeira vez o denim [ganga], bolsos termocolados e impressões 3D [a três dimensões]».
No desfile saltou à vista que homens e mulheres estivessem todos carecas. A decisão desse look, explicou, foi «uniformizar as pessoas, para a atenção ser imediata para a roupa».
Com inspiração Ricardo Andrez teve a «verticalidade do mundo, ligada à arquitetura», o que é notório no «alongar da silhueta e nas riscas», que ligou ao universo sportswear.
As cores variaram entre o preto, o azul-marinho, o cinza, o branco e o creme, uma «paleta citadina de cores frias».
Depois, os desfiles mudaram-se para o Salão Nobre dos Paços do Concelho para a apresentação das coleções de Olga Noronha e de Catarina Oliveira.
Nesta coleção Olga Noronha teve como material de eleição o PVC [plástico], que «só se encontra nas lamelas que estão em câmaras de refrigeração de talhos ou supermercados».
«Comprei metros e metros daquilo, em vermelho sangue, preto e transparente», contou no final do desfile, explicando que trabalhou o PVC «como se fosse pele».
Algumas peças foram adornadas com cristais «bordados à mão». A peça final, um vestido, «teve 14 horas de bordado, 12 delas seguidas, feito pela minha mãe», contou, explicando tratar-se «do mapa arterial a três dimensões».
«Os cristais foram bordados no local exato onde estão as veias e o tecido vestido por algumas manequins [que foi cortado por uma senhora durante o desfile] era pele cortada e retirada para mostrar o que está por dentro», descreveu.
Olga Noronha partilhou o desfile com Catarina Oliveira. Nesta edição ambas ‘saltaram’ do Sangue Novo para a plataforma LAB, dedicada aos novos talentos.
Catarina Oliveira apresentou “Balance”, uma coleção para homem «que explora o conflito interno entre emoção e razão e a forma como molda o comportamento e o impacto que tem na vida humana».
A ModaLisboa continua até domingo.