Uma militar da GNR de Mondim de Basto, que está ser julgada por ameaçar um superior hierárquico com uma pistola, alegou em inquérito que foi empurrada por umas escadas e que o visado a assediava sexualmente.
"Ele queria que eu satisfizesse os seus caprichos sexuais", afirmou, numa alegação rejeitada pelo arguido, também em sessão de julgamento.
Segundo o Ministério Público, em causa está uma altercação entre a militar e o chefe, com a patente de guarda principal, acabou com a arguida a cair de umas escadas e a ameaçar o opositor “com recurso a arma de fogo
No processo, a militar responde pela alegada prática de um crime de insubordinação por ameaças ou outras ofensas, previsto e punido pelo Código de Justiça Militar com pena de um a quatro anos de prisão.
O incidente levou a participações cruzadas, com a mulher a imputar ao guarda principal e a um cabo a prática de ofensas à sua integridade física, mas o MP, apoiado no parecer de um assessor militar, apenas acusou a guarda.
O que se passou nas escadas do posto da GNR de Mondim terá sido, segundo a versão do MP, que o guarda principal “tocou inadvertidamente com a zona do seu tronco no ombro da arguida, provocando-lhe um desequilíbrio, seguido de queda no solo, com o corpo e mãos para a frente”, isto “no momento em que a arguida já se encontrava a descer o último degrau das escadas”.
Ainda segundo o MP, o guarda principal, “percecionando que o contacto físico não era suficiente para lhe provocar a queda”, disse à arguida para se deixar de “fitas”, ou seja, de fingimentos, e que o acompanhasse no patrulhamento para que ambos estavam escalados. Ainda no solo, a arguida “sacou da sua arma de serviço do coldre, municiou-a e apontou-a ao guarda principal”, injuriando-o, continua o Ministério Público.
A versão da militar acusada e que está descrita na acusação é a de que, além do contacto físico entre “ambos, ao nível do peito e ombro, também terá sentido um dos pés do guarda principal a tocar no seu pé”, para forçar o seu desequilíbrio. A arguida alegou ainda que tirou a arma do coldre, colocado no lado direito da cintura, porque lhe estava a provocar dores, na sequência da queda, e afirmou que apontou a arma ao guarda principal porque pensou que este “a iria agredir, dar-lhe um pontapé ou algo do género”.
Já em sessão de julgamento, a mulher arguida assegurou que andava a ser assediada sexualmente pelo guarda principal, que se constituiu assistente no processo.