Pedro Dias assiste à leitura da sentença por videoconferência - TVI

Pedro Dias assiste à leitura da sentença por videoconferência

Arguido alegou "problemas de coluna" para justificar a ausência, esta quinta-feira, em tribunal

Pedro Dias assiste, esta quinta-feira, à leitura da sentença por videoconferência. A confirmação foi dada, esta quinta-feira à tarde, pela advogada do arguido Mónica Quintela. 

O senhor Pedro Dias tem o direito processual de estar presente ou de não estar presente. Não está em condições físicas de estar presente. Irá estar por videoconferência, através do estabelecimento Prisional de Monsanto. Ele aliás tem uma continuação de um outro julgamento amanhã e também não vai estar presente", adiantou a advogada, em declarações aos jornalistas, à entrada do Tribunal da Guarda.

A jurista sublinhou que a viagem "de quatro horas" seria incompatível com o estado de saúde que o arguido apresenta atualmente. 

O carro prisional do estabelecimento prisional, como ele vem algemado, é absolutamente desconfortável para uma viagem de ida e volta." 

 

Ele tem hérnias discais. Penso que os senhores jornalistas se aperceberam, quando ele estava a depor, que ele tinha de se apoiar. Ele tem hérnias discais que o incapacitam e no estabelecimento prisional não está a conseguir fazer os tratamentos que necessita", esclareceu Mónica Quintela. 

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A advogada disse não poupou elogios à forma como o tribunal conduziu o julgamento, que considerou "absolutamente" exemplar. Sobre a sentença e as suas expectativas para a mesma, Mónica Quintela disse esperar "que seja feita justiça".

Espero que o tribunal seja imune a todo o mediatismo que este caso acarreta e que seja feita justiça para todos os intervenientes processuais. Para as vítimas, para os seus familiares, para o senhor Pedro Dias, que é o arguido, para todos eles. É o que se espera de um julgamento que funciona dentro das regras de um Estado de Direito democrático."

Questionada pelos jornalistas sobre a possibilidade de interpor recurso, no caso de Pedro Dias ser condenado à pena máxima, que são 25 anos, Mónica Quintela preferiu não adiantar qualquer posição. a advogada diz que prefere conhecer primeiro a sentença e, sobretudo, a fundamentação apresentada para a mesma, para decidir depois se apresenta ou não recurso a uma instância superior.  

"Ausência total de arrependimento"

Também à entrada do Tribunal da Guarda, Pedro Proença, advogado do militar da GNR sobrevivente, voltou a criticar o comportamento do arguido ao longo do julgamento. Pedro Proença reforçou que Pedro Dias tem apresentado uma "postura fria e calculista". 

Todo o comportamento do arguido, ao longo do julgamento, indiciou uma postura extremamente fria, extremamente calculista e de ausência total de arrependimento em relação aos factos. Mais do que ausência de arrependimento, este arguido revelou uma incapacidade de sentir culpa pelos factos que praticou", disse.

Pedro Proença considera que, ao longo do julgamento, foi produzida prova que justifica a aplicação da pena máxima, pelo que a sua expectativa é mesmo que Pedro Dias seja condenado a 15 anos de cadeia. 

Sentença exemplar espera também João Paulo Matias, advogado das famílias de Liliane Pinto e de Luis Pinto, o casal alegadamente assassinado por Pedro Dias e que o arguido garante que foi baleado pelo militar da GNR António Ferreira. 

Esperamos acima de tudo uma sentença que evidencie a frieza e a crueldade dos atos cometidos por Pedro Dias. (...) Não é uma sentença condenatória do arguido que vai fazer desaparecer o sofrimento e a dor destas famílias, mas é um primeiro passo para que essa dor seja mais suportável até ao resto das suas vidas."

À entrada para o Tribunal, onde está a ser lida a sentença, João Paulo Matias sublinhou que espera "sobretudo" que a sentença seja "bem fundamentada", para evitar que eventuais recursos para instâncias superiores não venham a anular ou atenuar uma eventual sentença condenatória aplicada a Pedro Dias.

À semelhança do que já havia feito em Tribunal, o advogado da família do casal Pinto reforçou o apelo ao tribunal para que "haja alguma sensibilidade" na aplicação das custas judiciais às famílias assistentes no processo.

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