Doenças respiratórias matam mais de 22 mil portugueses por ano - TVI

Doenças respiratórias matam mais de 22 mil portugueses por ano

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  • 23 nov 2017, 07:29

Dados do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias indicam que há cada vez mais casos, mas só 2% dos doentes com indicação para reabilitação respiratória têm acesso a tratamento

As doenças respiratórias foram responsáveis pela morte de mais de 22 mil pessoas em Portugal, em 2015, um aumento de 24% em relação a 2006, de acordo com os dados do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR) divulgado esta quinta-feira

Em Portugal, as doenças do sistema respiratório continuam a ser a terceira causa de morte e há cada vez mais casos: em 2015 morreram 22.767 pessoas, o que representa um aumento de 4.392 óbitos em relação a 2006.

O cenário traçado no relatório é dramático, com o aumento de mortes, mais internamentos (115.828 pessoas internadas em 2015) e mais episódios de doentes submetidos a ventilação mecânica (aumentaram 167% desde 2006).

Nas causas do óbito daquelas 22 mil pessoas aparecem neoplasias, insuficiência respiratória, pneumonia, doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) e asma brônquica, enumera a 12.ª edição do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR) 2017, divulgado esta quinta-feira em Lisboa.

Mas a pneumonia continua a ser a principal causa de morte por doença respiratória em Portugal: cerca de 55 mil mortes por 100 mil habitantes, um valor muito acima da média europeia, que ronda as 25 mil mortes.

Olhando para o mapa de Portugal, Beja, Setúbal, Portalegre, Santarém e Faro são os distritos onde mais se morre de pneumonia.

Em nove anos, as mortes por pneumonia aumentaram e, só em 2015, registaram-se 43.199 internamentos, o que representa 37% dos internamentos por doença respiratória.

No total, em 2015, foram internadas 115.828 pessoas devido a doenças respiratórias, sendo as pneumonias e insuficiências respiratórias as principais causas de internamento.

O relatório regista um aumento de 15% de internamentos em relação a 2010 e de mais 35% em relação a 2006.

No mesmo sentido, os episódios de doentes submetidos a ventilação mecânica mais do que duplicaram (aumentaram 167%) em relação a 2006.

A doença que apresenta aumentos mais preocupantes é a insuficiência respiratória: mais 71% de mortes entre 2006 e 2015 e 160% de internamentos com ventilação mecânica, segundo os dados avançados no relatório.

O número de internamentos por pneumonia, insuficiência respiratória, DPOC, neoplasias, asma, pleura, tuberculose, bronquiectasias e gripe também aumentou 35% entre 2006 e 2015.

O Relatório ONDR 2017 propõe ainda várias medidas à promoção da saúde e prevenção nas doenças respiratórias, alertando para a importância do diagnóstico precoce, de melhorar a acessibilidade aos cuidados de saúde, nomeadamente à Reabilitação Respiratória, da vacinação e da promoção de informação.

Só 2% dos doentes com indicação para reabilitação têm acesso a tratamento

O relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias sublinha que são menos de 2% os doentes com indicação para reabilitação respiratória que conseguem ser tratados nos poucos centros de reabilitação existentes em Portugal.

Os 25 centros de Reabilitação Respiratória em Portugal continental tratam menos de 3.000 pessoas com doenças respiratórias por ano, o que representa menos de 2% dos doentes com indicação para reabilitação respiratória, o que leva o relatório a falar em “inexistência de programas de reabilitação respiratória”.

Para o presidente do ONDR, José Alves, “estes dados demonstram que os pacientes e a comunidade médica ainda não estão sensibilizados para a importância da reabilitação respiratória e para os resultados muito significativos que dela se conseguem”.

Entre os fatores que mais preocupações deixam aos profissionais está o envelhecimento da população - Portugal encontra-se no restrito grupo de países do mundo com uma esperança média de vida de 80 ou mais anos – a existência de doentes com problemas de saúde associados, e o facto de muitas pessoas continuarem a não fazer a vacina da gripe.

O pneumologista que assumiu a presidência do observatório reconhece que “há muito a melhorar, a todos os níveis, na classe médica, nos profissionais ligados à saúde, nas metodologias definidas e a definir, na forma de as implantar, no relacionamento das instituições, na forma como se pensam a elas próprias, como se relacionam com a tutela e na forma como a tutela se relaciona com todos. Há muito a melhorar na uniformização e na equidade da prestação dos serviços, tratamentos e atos médicos na área da saúde respiratória”.

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