Sargento do Exército é 18.º arguido no processo dos Comandos - TVI

Sargento do Exército é 18.º arguido no processo dos Comandos

  • PD
  • 5 abr 2017, 18:29
Oficiais dizem que curso dos Comandos não devia ter começado

Suspeito de ter batido e atirado recrutas para cima de silvas foi constituído arguido esta quarta-feira. Processo das mortes no 127.º curso já tem 18 arguidos

O Ministério Público constituiu esta quarta-feira como arguido um sargento do exército, envolvido no processo sobre a morte dos recrutas dos comandos Hugo Abreu e Dylan Araújo Silva.

De acordo com fonte judicial ouvida pela agência Lusa, o sargento, suspeito de ter batido e atirado os recrutas às silvas durante o curso dos Comandos, foi interrogado no Departamento de Investigação e Ação penal (DIAP) de Lisboa e remeteu-se ao silêncio.

O processo tem agora 18 arguidos. Falta ainda ouvir o tenente-coronel Mário Maia, diretor do curso, entretanto destacado em missão em Angola. Já informou o Ministério Público estar apenas disponível para vir a Portugal em junho. Entretanto, acusou o regimento de deslealdade ao ter enviado um guião da prova zero para o Ministério Público, feito depois da morte dos dois recrutas.

Familiares também serão ouvidos

O Ministério Público tenciona ainda inquirir os assistentes, designadamente os pais do soldado Hugo Abreu, que vivem em França e que só terão possibilidade de se deslocarem a Portugal em maio.

O inquérito investiga a morte de dois militares e de vários outros que receberam assistência hospitalar, na sequência do treino do 127.º Curso de Comandos na região de Alcochete, no distrito de Setúbal, no dia 4 de setembro de 2016.

Segundo o Ministério Público, num despacho de novembro, a natureza dos crimes e a atuação dos suspeitos revelam "personalidades deformadas, (...) com vista a criar um ambiente de intimidação e de terror, bem como sofrimento físico e psicológico nos ofendidos, sujeitando-os a tratamento não compatível com a natureza humana".

Os envolvidos, adianta o despacho, tinham conhecimento que com as elevadas temperaturas que se faziam sentir e a privação de água, os instruendos não estavam em condições físicas e psíquicas de prosseguir a instrução.

No entender do Ministério Público, "a atuação reiterada dos suspeitos" revela um "manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocam nas vítimas, tratando os instruendos como pessoas descartáveis".

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