Cancro está a crescer 3% ao ano - TVI

Cancro está a crescer 3% ao ano

  • AM - Notícia atualizada às 13:12
  • 21 set 2017, 10:40

Doenças oncológicas são a segunda causa de morte após as doenças cérebro-cardiovasculares

A incidência das doenças oncológicas está a registar um aumento de aproximadamente 3% ao ano, constituindo a segunda causa de morte após as doenças cérebro-cardiovasculares, de acordo com o relatório do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas 2017.

O cancro mais mortal

No caso do Cancro do Pulmão, que é ainda a neoplasia com maior mortalidade em Portugal, os autores do documento apresentado esta quinta-feira no Porto, observaram uma variação geográfica significativa, com maior mortalidade nos Açores, mas também com mortalidades acima da média nas regiões do Algarve, Área Metropolitana do Porto, Alto Minho, Área Metropolitana de Lisboa e Alentejo Litoral. No caso particular dos Açores a assimetria é muito marcada, sendo de alertar a menor taxação do tabaco nesta região autónoma.

O diretor nacional do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas revelou que há um “aumento significativo” da mortalidade no sexo feminino por cancro do pulmão, mas é “ainda muito menor do que no sexo masculino”.

Notamos que houve um aumento significativo da mortalidade por cancro do pulmão no sexo feminino neste último ano, é de facto um aumento marcante, que já tínhamos antecipado, e já estávamos à espera pela diminuição da assimetria de género no consumo de tabaco”, sublinhou Nuno Miranda.

Segundo explicou aos jornalistas, “neste momento há um maior equilíbrio na relação de homens/mulheres no consumo de tabaco e isto levou a duas coisas: primeiro a uma pequena diminuição da mortalidade por cancro no sexo masculino pelo segundo ano consecutivo, fruto do investimento que foi feito em medidas legislativas e em medidas de desaconselhamento do consumo do tabaco, mas por outro lado, e essa é a parte negativa, há um aumento significativo da mortalidade no sexo feminino que, é ainda muito menor do que no sexo masculino, mas que pensamos irá continuar a aumentar”.

Ainda sobre o cancro do pulmão, disse que a percentagem de cura do cancro do pulmão “anda entre os 10% e os 20%, é uma percentagem muito baixa. A maioria dos tumores são diagnosticados já em fase não operável e não curável da doença”.

O cancro que mais mata em Portugal neste momento continua a ser o cancro do pulmão, tivemos mais de 4 mil óbitos provocados por esta doença e isto é particularmente importante porque é um tumor evitável”, disse.

E acrescentou: “Se pensarmos que 90% dos casos do cancro do pulmão estão diretamente relacionados com o consumo do tabaco podemos perceber que é aqui que temos de investir. É na prevenção e é em evitar ter a doença”.

Contudo, frisou, no geral “estamos nos melhores lugares do ranking europeu, no top cinco, no que toca à taxa de mortalidade e à taxa de incidência”.

Mais programas de rastreio

Os autores do relatório revelam que no cancro colorretal a mortalidade padronizada é relativamente homogénea ao longo do país, com exceção na Região do Alentejo Litoral, onde se observaram valores substancialmente mais elevados. As variações nesta região podem dever-se apenas a variações estatísticas de pequenos números, necessitando de ser confirmadas.

Os dados para o cancro da mama feminina, apontam uma maior mortalidade na região dos Açores, seguida pelas regiões da Beiras e Serra da Estrela, Oeste, Área Metropolitana de Lisboa, Madeira e Lezíria do Tejo.

No relatório é ainda referido que a mortalidade por cancro do estômago valores significativamente mais altos na região Norte, estreitamente relacionados com hábitos alimentares.

De acordo com o documento, os programas de rastreio oncológico evoluíram significativamente, com expansão da cobertura geográfica, aumento do número de utentes rastreados e melhoria significativa das taxas de adesão (+5%).

Durante o último ano, na região Norte, atingiu-se a cobertura geográfica de 100% no rastreio do cancro da mama, ficando o programa completo como nas regiões Centro, Alentejo e Algarve.

Na região de Lisboa e Vale do Tejo, está previsto o seu alargamento em 2018. O programa de rastreio do cancro do colo do útero ficou também concluído na região Norte, juntando-se às regiões Centro, Alentejo e Algarve. Em 2017, será iniciado este rastreio na região de Lisboa e Vale do Tejo, estando prevista a sua implementação total durante o ano de 2018, lê-se no documento.

No rastreio do cancro do cólon e reto, refere que estão em desenvolvimento programas piloto disseminados nacionalmente, de destacar o projeto piloto iniciado na Região Norte em dois ACES, no final do ano de 2016, e que será alargado, durante os anos de 2017/2018, e os dois projetos pilotos que estão a ser implementados nas regiões do Algarve, no ACES Central, e em Lisboa e Vale do Tejo em quatro ACES, três da Península de Setúbal e o ACES Lisboa Norte.

Estes projetos, acrescenta, juntam-se aos rastreios já implementados na região Centro, em quatro ACES, e na região do Alentejo, no ACES Central. Desta forma, “teremos, em 2017, e pela primeira vez, o rastreio do cancro do cólon e reto implementado em todas as regiões do país”.

Mais mulheres rastreadas

De acordo com o relatório da OCDE, Health at a Glance 2016, Portugal apresentava em 2014 uma taxa de 70,7% de mulheres rastreadas para o cancro do colo do útero quando a média europeia foi de 63%.

Já no rastreio do cancro da mama, em 2013, Portugal foi o país da Europa com maior taxa de rastreio, com 84,2% das mulheres rastreadas, bem acima da média europeia que foi de 62,8%.

Os autores do relatório referem ainda que, no mesmo período, a taxa de sobrevida do cancro do colo do útero a cinco anos foi de 64,5%, em linha com a média europeia, e a taxa de sobrevida a cinco anos no cancro da mama foi de 87,9%, quatro pontos percentuais acima da média europeia.

Ainda no âmbito dos programas de rastreio oncológicos salienta-se o desenvolvimento de uma solução informática nacional única para os rastreios, que já se encontra em fase de implementação, e a uniformização técnica dos programas de rastreio nas várias regiões, que será objeto de um Despacho do Ministério da Saúde, que será publicado ainda este mês, e que permitirá aumentar a equidade no acesso a nível nacional.

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