Alunos têm aulas no Conservatório sentados no chão - TVI

Alunos têm aulas no Conservatório sentados no chão

Centenas em defesa do ensino artístico (foto TIAGO PETINGA/LUSA)

Falta de recursos no arranque do ensino integrado

Relacionados
No Dia Mundial da Música, tempo para falar do ensino especializado em Portugal. E para perceber que na Escola de Música do Conservatório Nacional que a falta de dinheiro faz com que os alunos assistam às aulas sentados no chão.

«O ano lectivo está para já a decorrer sem carteiras e sem cadeiras, com os meninos sentados literalmente no chão», disse à Agência Lusa a professora Ana Mafalda, vice-presidente da Escola de Música do Conservatório de Lisboa.

A escola está este ano lectivo a receber pela primeira vez alunos de ensino integrado (que recebem ali todas as aulas, além do ensino da música), além de continuar com o ensino suplementar (a alunos que apenas aprendem música e vão ter as aulas curriculares noutra escola), depois de ter protagonizado no ano passado a contestação à reforma do Ensino Artístico desenhada pelo Ministério da Educação (ME). «O Ministério quis que nós implementássemos este novo regime e até ao momento não investiu nada, não nos deu material nenhum», acrescentou.

A docente explicou que as aulas teóricas da Escola, que funcionava até ao ano passado apenas em regime supletivo, eram dadas numa espécie de anfiteatro, em cadeiras de palmatória: «Estas aulas duravam quando muito uma hora por dia e não precisávamos de mais. Acontece que os alunos que agora vamos começando a ter em regime integrado, estão em permanência na escola das oito da manhã às quatro ou às sete da tarde e têm mesmo de ter secretárias e outros materiais. De facto, o material que a escola tinha não se coaduna com o novo tipo de escola exigido pelo ministério».

Entretanto, a escola comprou mais pianos e mais quadros brancos para escrever, entre outro material, para fazer face «a mais alunos no Conservatório este ano, com aumento dos que frequentam o regime integrado e diminuição dos outros». «Agora, a escola não pode investir em tudo»", sublinhou.

Este ano lectivo, iniciado em meados de Setembro, recebem as aulas todas na escola de música do conservatório meninos com idades entre os 10 e os 12 anos, do quinto, sexto e sétimo anos de escolaridade. A introdução faseada do ensino integrado prevê que daqui a dois anos a escola tenha todos os anos implementados, já que no próximo ano abrirá uma turma do oitavo ano e no ano seguinte do nono.

O ministério da Educação anunciou no ano passado uma reestruturação do ensino artístico com início este ano lectivo, baseando-se num relatório que recomendava o fim do regime supletivo, que permite aos alunos realizar a formação geral numa escola normal e frequentar simultaneamente uma instituição especializada, como um conservatório. A generalização do regime integrado vai permitir uma melhoria do trabalho pedagógico e a redução das taxas de retenção e de abandono por parte dos alunos.

Fonte do ME disse à Lusa que o Conservatório de Lisboa já pediu ajuda para solucionar o problema de falta cadeiras e mesas à Direcção Regional de Educação, que está a analisar a situação.

Mais de 25 mil alunos

O número de alunos no ensino especializado da Música cresceu 47 por cento este ano lectivo, ultrapassando já os 25 mil estudantes, anunciou, entretanto, o Ministério.

Em comunicado, o ME afirma que o ensino especializado da Música regista «uma acentuada evolução positiva» este ano lectivo, com «mais alunos, mais investimento, mais financiamento, mais escolas e melhores instalações».

Dados da Agência Nacional para a Qualificação, divulgados pelo ME, indicam que 25.443 alunos frequentam as Escolas do EAE de Música, mais 8.161 que no ano lectivo 2007/2008, o que representa um financiamento público de 55 milhões de euros (mais 57 por cento).
Continue a ler esta notícia

Relacionados