Como fazer para mexer menos vezes na cara (e evitar o vírus) - TVI

Como fazer para mexer menos vezes na cara (e evitar o vírus)

  • Márcia Sobral
  • 2 abr 2020, 23:41
Marcelo visitou a farmacêutica Hovione

Cada pessoa toca em média 23 vezes por hora na cara. Se as multiplicarmos ao longo do dia (subtraindo uma média de oito horas de sono) dá um total de 368 vezes ao dia. Aqui está o verdadeiro agente de propagação do novo coronavírus

Cada pessoa toca, em média, vinte e três vezes por hora na cara. Mas, segundo especialistas, este problema de toques em excesso pode ser mais simples de resolver do que se pensa, evitando assim a propagação do novo coronavírus.

A Organização Mundial de Saúde aconselha a lavar ou desinfetar as mãos, manter mais de um metro de distância dos outros e ficar em casa. Mas será isto suficiente para evitar o contágio?

Susan Michie, professora na University College London, diz que não. Evitar tocar o rosto é fundamental e a especialista diz que é uma questão de força de vontade e hábito.

Existem centenas de razões para tocarmos no rosto. Os gestos dos quais nem damos conta multiplicam-se, como esfregar ou coçar parte da cara, ou até roer as unhas.

Para Michie, a solução passa por fazer um esforço acrescido de consciencialização e este pode passar por assumir que só pode levar as mãos à altura dos ombros. Quanto à vontade de tocar na cara, esta é apenas uma questão de hábito e resistência.

A verdade é que a principal via de transmissão de diversos vírus, como é o caso dos coronavírus, é feita através do contacto com os olhos, nariz e a boca. O vírus espalha-se através de gotículas que expelimos pela boca e que acabam por contaminar superfícies e objetos. Ao tocar em locais contaminados e ao levar as mãos, por exemplo, às membranas das narinas, à boca ou aos olhos, a probabilidade de contrair a infeção é muito alta.

“Se fôssemos capazes de nunca tocar na cara, lavar as mãos não era importante. As mãos podiam estar sujas ou contaminadas, era igual”, afirma Robert West, professor de psicologia na Universidade College London.

Para Robert West, a única forma de quebrar o hábito de levar as mãos à cara é através de rotinas e mantê-las, até em casa. Ou então, criar hábitos contrários.

“O truque é apercebermo-nos na altura em que estamos a levar as mãos à cara. Uma coisa óbvia a fazer é desviar o gesto e, por exemplo, coçar a cabeça, assinalou.

Para West, a propagação do Covid-19 deve-se em grande parte a este pequeno gesto. O médico defende que é essencial chegarmos ao ponto em que, ao ver alguém a tocar na cara, o sentimento tem de ser de nojo ou repulsa.

“Temos de pôr na cabeça que tocar na cara é algo que não podemos fazer. Como tirar as calças em público”, frisa.

Para Stephen Griffin, virologista na Universidade de Leeds, usar máscara é outra forma de evitar tocar no rosto, principalmente em locais onde o risco de contaminação é superior. Mas, aqui, é fundamental uma utilização correta da máscara, caso contrário esta torna-se insuficiente.

A verdade é que o vírus pode estar em qualquer lado e a única forma de o combater é seguindo as indicações das autoridades de saúde, contrariar alguns hábitos e não levar as mãos à cara.

 

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