Morreu Jaime Neves, militar de Abril - TVI

Morreu Jaime Neves, militar de Abril

Tinha 76 anos

Notícia atualizada

Morreu este domingo Jaime Neves, militar português que participou na Revolução do 25 de Abril.

O general Jaime Neves, que morreu aos 76 anos, foi um dos operacionais decisivos no 25 de novembro de 1975, movimento militar que acabou com o processo revolucionário e abriu caminho à normalização da democracia portuguesa.

Jaime Alberto Gonçalves das Neves nasceu na freguesia de São Dinis, no concelho de Vila Real, em Março de 1936, tendo entrado na Escola do Exército em 1953 e feito cinco missões de serviço em África e na Índia.

Filho único de um polícia e de uma doméstica, completou o liceu em Vila Real com boas notas. Chegou a inscrever-se na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, mas acabaria por ingressar na Escola do Exército, onde teve como colegas de curso Ramalho Eanes, Melo Antunes, Loureiro dos Santos e Almeida Bruno.

A partir do segundo ano, transferiu-se para a Academia Militar, em Lisboa, e terá sido nesta época que começou a «construir» a reputação de boémio que viria a ser destacada na sua biografia "Homem de Guerra e Boémio", da autoria do professor universitário e antigo comando Rui de Azevedo Teixeira, lançada em novembro.

Terminado o curso, o já alferes Jaime Neves partiu para Moçambique em 1957, instalando-se em Tete com a missão de dar formação aos soldados nativos. Em Março de 1958, partiu para a Índia.

Durante o 25 de Novembro de 1975, Jaime Neves liderava o regimento de Comandos da Amadora, uma das unidades militares que pôs fim à influência da esquerda militar radical e conduziu ao fim do PREC (Processo Revolucionário Em Curso).

Foi Jaime Neves que liderou o ataque dos comandos ao quartel da Calçada da Ajuda, em Lisboa, onde obteve a rendição das chefias da Polícia Militar.

Em 1995, foi condecorado pelo então Presidente da República, Mário Soares, com a medalha de grande-oficial com Palma, da Ordem Militar da Torre e Espada, do valor, Lealdade e Mérito.

Na reserva desde 1981, Jaime Neves era um dos mais medalhados comandos do Exército, tendo-se reformado com a patente de coronel.

Mais tarde seria promovido a major-general, num processo que causou polémica entre os militares, que contestaram o fato de este tipo de promoção, apesar de prevista no estatuto militar, nunca ter sido utilizada para promover um oficial na reforma, sobretudo, a um posto de topo.

A polémica foi tanto maior por a promoção ter coincidido com as celebrações do 35.º aniversário do 25 de Abril e por nenhum dos oficiais do 25 de Abril ter sido objeto de tratamento idêntico.

Além dos militares, também o Partido Comunista, se insurgiu com a promoção.

Jaime Neves desvalorizou as críticas e respondeu: «Os cães ladram, a caravana passa», como conta a Lusa.

Funeral do general Jaime Neves na 2ª feira após missa na Academia Militar.

Veja as reações à morte de Jaime Neves.
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