Violência no namoro: 11,6% das vítimas correram risco de vida - TVI

Violência no namoro: 11,6% das vítimas correram risco de vida

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  • 17 abr 2020, 08:46
Casal

Os dados do Observatório da Violência no Namoro indicam que 91,9% dos agressores são homens

O Observatório da Violência no Namoro (ObVN) recebeu nos últimos três anos 284 denúncias, das quais 266 de jovens mulheres, sendo que 91,9% dos agressores são homens e em 11,6% das situações relatadas as vítimas correram risco de vida.

Segundo dados recolhidos pelo observatório, das 284 denúncias recebidas, 140 foram feitas por ex-vítimas, 115 por testemunhas e 29 por atuais vítimas.

As vítimas de violência são quase na sua totalidade do sexo feminino (89,7%) e os agressores são jovens homens (91,9%), com uma média de idades de 25 anos.

Os dados do observatório revelam ainda que, em 46,8% dos casos, os agressores ainda namoram com as vítimas, e em 52,5% dos casos, são ex-namoradas.

A média de idades das vítimas é de 23 anos, 92,3% são portuguesas e 89,1% são heterossexuais e, em relação à ocupação, 59,5% são estudantes.

O local de maior incidência da violência é a habitação (69,7%), seguido da rua (51,8%), estabelecimentos públicos (por exemplo café ou discoteca) (32%) e escola/faculdade (26,4%).

Em 27,5% das situações de violência relatada foi praticada online.

As tipologias de violência mais relevantes, segundo as denúncias, são a violência psicológica (84,5%), a violência emocional (82%), a violência verbal (80,3%), seguida do perda de controlo (63,7%).

A violência física foi relatada em 48,6% das situações, seguida pela violência social (35,6%), perseguição (32,7%) e depois a violência sexual (22,5%).

Em 14,4% dos casos as vítimas dizem ter sido alvo de ameaças de morte.

Indicam os dados que 20,4% das vítimas necessitaram de receber tratamento médico e 2,8% foram hospitalizadas em consequência da agressão sofrida.

Quanto às principais causas apontadas para a existência de violência durante o namoro, os denunciantes destacaram o ciúme, em 70,8% das situações, problemas mentais da pessoa agressora (37%), o consumo de álcool ou de outras substâncias pelo agressor (22,5%) e os problemas familiares (19,5%).

Também a conduta da vítima foi referida em 18% das queixas, seguida da influência dos amigos (14,1%) e as dificuldades económicas da pessoa agressora (9,9%).

Os crimes ocorreram, em 43% dos casos, no Porto, 15,5% das situações verificaram-se em Lisboa e 7,7% dos casos em Braga.

Segundo a plataforma de denúncia informal de situações de violência no namoro, vividas diretamente ou testemunhadas por terceiros, 77,5% das situações não foram denunciadas às autoridades.

O Observatório da Violência no Namoro é uma iniciativa da Associação Plano i no âmbito do Programa UNi+, financiado pela Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade, nos dois primeiros anos, e pelo Fundo Social Europeu no âmbito do Programa Operacional Inclusão Social e Emprego POISE do Portugal 2020.

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