Amadora-Sintra responde com tarefeiros a ameaça de demissão de médicos - TVI

Amadora-Sintra responde com tarefeiros a ameaça de demissão de médicos

  • Atualizada às 18:38
  • 1 ago 2018, 16:43
Serviços hospitalares (arquivo)

Chefes de obstetrícia e ginecologia dão prazo de duas semanas para avançar com demissões. Administração diz já ter autorização para lançar concurso para médicos tarefeiros

O hospital Amadora Sintra teve autorização para lançar um concurso para médicos tarefeiros para os blocos de parto, disse esta quarta-feira à agência Lusa fonte oficial da administração, na sequência da ameaça de demissão de chefes de equipa.

Os médicos tarefeiros são profissionais contratados em empresas em regime de prestação de serviço.

Fonte oficial da administração considerou em declarações à Lusa que esta contratação irá resolver o problema das queixas dos chefes de equipa que ameaçaram demitir-se uma vez que uma das suas queixas principais é a falta de meios humanos.

Os chefes de equipa de ginecologia e obstetrícia do hospital Amadora-Sintra ameaçaram demitir-se dentro de duas semanas se não forem resolvidos os problemas identificados, como as condições de assistência na urgência.

Numa carta, a que a agência Lusa teve acesso, os profissionais consideram que “as atuais condições de assistência no serviço de urgência de ginecologia e obstetrícia do hospital Fernando Fonseca ultrapassaram, em várias das suas vertentes, os limites mínimos de segurança aceitáveis para o tratamento dos doentes críticos que diariamente a ele recorrem”. O Amadora-Sintra serve uma população superior ao meio milhão de pessoas.

O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Roque da Cunha, confirmou à agência Lusa que esta carta foi hoje entregue à administração do hospital e adiantou que os internos desta especialidade do hospital Fernando Fonseca assinaram também uma minuta em que dão conta de que se recusarão a fazer mais do que as 200 horas de urgência por ano a que estão obrigados.

As equipas têm ultrapassado todas as dificuldades e constrangimentos com que se têm deparado, tentando manter, com enorme esforço, nem sempre reconhecido, os padrões de qualidade e segurança históricos neste serviço de urgência”, refere a carta dos chefes de equipa.

Os chefes de equipa argumentam ainda que não podem “aceitar as situações criadas, continuando a assumir as responsabilidades inerentes à sua função (…) face à degradação da qualidade assistencial no serviço de urgência do hospital Fernando Fonseca”.

"Plano de emergência"

Tal como os chefes de equipa demissionários do hospital de São José, estes profissionais indicam que era necessário um “plano de emergência” baseado na gestão racional de recursos financeiros e humanos, mas centrado no doente.

Na carta, indicam que há uma “degradação progressiva” pela não renovação e pela diminuição das equipas, “associada a um desaparecimento de condições essenciais” para o funcionamento correto da urgência, dando como exemplos a diminuição das salas com apoio de enfermagem. Referem ainda ausência de contratação de médicos jovens que rejuvenesçam as equipas.

Os médicos do Fernando Fonseca afirmam que têm alertado várias vezes para estes problemas, sem que até ao momento haja “tomada de medidas com vista à diminuição das suas consequências”.

Recomposição de equipas

Os sindicatos médicos exigem a recomposição das equipas de obstetrícia do hospital Amadora-Sintra e vão pedir uma reunião à administração do hospital, na sequência da ameaça de demissão de chefes de equipa.

Em comunicado, o Sindicato dos Médicos da Zona Sul “exige a rápida resolução da recomposição das equipas de obstetrícia do Hospital Fernandes da Fonseca (três especialistas e dois internos)”, como forma de “superar a diminuição da qualidade assistencial prestada nesse hospital à população da Amadora e Sintra”.

Responsabiliza-se, mais uma vez, o Ministério da Saúde – e neste caso também o conselho de administração do Hospital Fernandes da Fonseca – pela incompetência na gestão de recursos humanos que se tem tornado usual, não contratando atempadamente os médicos necessários para as maternidades públicas do país”, refere o Sindicato.

Também o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) exige a resolução da situação e vai solicitar uma reunião com a administração do hospital, segundo disse à agência Lusa o secretário-geral, Roque da Cunha.

Ordem visita Amadora-Sintra

A Ordem dos Médicos já anunciou que vai visitar na próxima semana o hospital Amadora-Sintra após a ameaça de demissões dos chefes de equipa de obstetrícia, mas o bastonário avisa que as dificuldades daquela unidade são transversais a muitos hospitais.

A situação não é exclusiva do Amadora Sintra e é transversal a muitos hospitais do país", declarou à agência Lusa, o bastonário Miguel Guimarães.

A Ordem está preocupada com o cumprimento do rácio dos especialistas e com a dotação das equipas de ginecologia e obstetrícia, sobretudo em serviço de urgência.

O bastonário indicou que o colégio de especialidade de ginecologia e obstetrícia vai elaborar um documento a enviar ao Ministério da Saúde a alertar para as regras que têm de ser cumpridas quanto à formação de equipas.

Neste documento, que vai ser depois tornado público, vão ser ainda identificadas algumas situações mais problemáticas em várias unidades do país.

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