Abandono escolar: Portugal só não fica atrás de México e Turquia - TVI

Abandono escolar: Portugal só não fica atrás de México e Turquia

Escola [Foto: Lusa]

Estudo indica que Portugal é terceiro país da OCDE com mais abandono escolar. O mesmo estudo revela que Portugal é o segundo país com mais baixa taxa de fertilidade

Portugal é o terceiro país da OCDE com mais jovens a abandonar precocemente a escola, logo a seguir ao México e à Turquia, revela o estudo “Society at a Glance 2016”.

Na lista dos 35 países que fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Portugal destaca-se negativamente na análise à situação do abandono escolar em 2014, com mais de um em cada três jovens a deixar os estudos antes do tempo.

"Esta é a terceira maior percentagem da OCDE, depois do México e da Turquia”, revela o relatório, que lembra que entre os rapazes a situação é mais grave, com mais de 40% a abandonarem os estudos, ao passo que entre as raparigas a percentagem desce para 30%.

Em média, na OCDE, um em cada seis jovens entre os 25 e os 34 anos não concluiu o ensino secundário, sendo que os jovens com menos educação acabam por ser os mais atingidos pelas crises, alerta o estudo, que este ano decidiu destacar a situação dos jovens.

“Isto é particularmente verdade para Portugal, onde a maioria dos jovens, entre os 15 e os 29 anos, que ficaram desempregados tinham baixos níveis de formação académica”, sublinha o relatório "Society at a Glance 2016 - A Spotlight on Youth", que analisou especificamente a situação dos jovens que não estudam nem trabalham (conhecidos como os "nem-nem").

A nível mundial, os “nem-nem” foram os mais atingidos pela crise financeira de 2007.

A crise aumentou brutalmente o número de desempregados e dificultou o acesso ao trabalho, tendo atingido mais fortemente os jovens, sendo que, “até agora, a recuperação (económica) tem sido demasiado fraca para trazer os jovens de regresso ao mundo laboral”, refere o estudo.

Oito anos após a crise de 2007/2008, ainda existem cerca de 40 milhões de jovens que não estudam nem trabalham e, segundo o relatório, esta realidade é fruto da falta de qualificações mas também de problemas pessoais e sociais.

A percentagem de jovens entre os 15 e os 29 anos com emprego desceu 8% entre 2007 e 2015, segundo a média dos países da OCDE.

Os países mais atingidos foram a Espanha, Irlanda e Grécia, onde o emprego jovem passou para metade. Seguindo-se Portugal, Eslovénia, Itália e Letónia, onde um terço ou um quarto de todos os empregos jovens foram destruídos.

Já nos países onde os jovens estudam e trabalham, estes não foram, tão atingidos já que se mantém uma tendência para existir mais trabalho jovem, como acontece na Islândia, Suíça ou Holanda, onde mais de metade dos estudantes está empregada.

Em Portugal, à semelhança do que acontece na Grécia, Itália, e na Hungria, apenas um em cada 20 estudantes trabalha.

Até 2007, a percentagem de jovens portugueses sem qualquer ocupação (os “nem-nem”) rondava os 14%, um pouco abaixo da média dos países da OCDE, mas com a crise financeira e o aumento do desemprego este grupo acabou por ser um dos mais afetados: entre 2008 e 2013 aumentou para 19%.

De acordo com o relatório da OCDE, no ano passado, os jovens nem-nem já eram menos (15%) mas continuavam acima dos valores registados antes da crise.

Em Portugal, sete em cada dez jovens “nem-nem” vive em casa dos pais, uma realidade que se repete noutros países do sul da Europa, como a Itália ou a Grécia. Em média, nos restantes países da OCDE, apenas um em cada dois jovens sem atividade permanecem em casa dos pais.

O estudo concluiu ainda que os jovens “nem-nem” confiam menos nos outros, sentem-se menos satisfeitos, têm menos interesse pela política e defendem mais que deve ser o estado a providenciar as necessidades dos cidadãos.

Em Portugal apenas  4% dos jovens combinam os estudos com algum trabalho, enquanto a média da OCDE que é de 12%.

Sublinhando que “a experiência profissional facilita a transição da escola para o trabalho”, o relatório aponta outra falha ao caso português, onde apenas 5% dos jovens conseguem fazer um estágio. Um valo muito abaixo da média da OCDE, que se situa nos 27%.

Portugal é segundo país com mais baixa taxa de fertilidade

O estudo "Society at a Glance 2016" revela também que Portugal é o segundo país da OCDE com a mais baixa taxa de fertilidade, depois da Coreia do Sul, mas o emprego entre as mães está acima da média. A fertilidade em Portugal é de 1.23 filhos por cada mulher entre os 15 e 49 anos, enquanto a média dos 35 países da OCDE se situa nos 1.68 filhos.

Já a taxa de emprego entre as mulheres com filhos até aos dois anos é superior à média da OCDE: “Para as mães com crianças mais pequenas, entre os zero e os dois anos, o emprego é de 70% comparado com a média de 53% da OCDE”, refere o relatório “Society at a Glance 2016 – A Spotlight on Youth”.

A percentagem de jovens na sociedade portuguesa tem vindo a diminuir desde a década de 60 do século passado, tendo descido oito pontos percentuais.

Hoje, os jovens portugueses representam apenas 16% do total da população, refere o estudo que este ano decidiu dar um destaque à situação dos mais novos.

O documento revela ainda que os jovens foram os mais atingidos pela crise financeira de 2007/2008: entre 2007 e 2013 a pobreza atingiu 18% dos jovens e crianças portuguesas e 13% dos adultos e idosos.

Quando questionados sobre questões de saúde, em 2014, menos de metade dos portugueses disse sentir-se saudável, enquanto a média da OCDE se situa acima dos 70%.

No mesmo sentido, a satisfação com a vida também diminuiu com a crise financeira, uma situação que se registou em todos os países que sofreram com a crise. No entanto, os portugueses surgem como os mais desagradados dos 35 países da OCDE, com uma média de satisfação de 5,1 numa escala de zero a dez.

Apenas 23% dos portugueses disse confiar no Governo, enquanto a média da OCDE é de 42%.

As boas notícias são que a criminalidade baixou 20% desde 2008.

Além de terem cada vez menos filhos e mais tarde, Portugal também se destaca por ser o segundo país com menos casamentos realizados, só ultrapassado pela Eslováquia.

 

Continue a ler esta notícia