Moradores acreditam que «nada vai acontecer»

Em perigo declarado extensivo a todo o bairro e com dois edifícios, já evacuados, em risco de ruína e deslizamento pela encosta abaixo, o Bairro da Serra da Luz espalha-se por uma encosta e vai vivendo na clandestinidade. O certo é que «nunca devia ter sido construído». Existe há cerca de 40 anos, mas sempre foi ilegal e com casas clandestinas, edificadas numa zona «muito instável», denuncia ao PortugalDiário a autarca de Odivelas.



Ruas de reis num bairro de pobres

Mau tempo: prédio em risco de ruir

Durante décadas, a «Câmara de Loures foi conivente e as casas foram aumentando», acrescenta. Hoje, assemelha-se a uma favela, com ruas estreitas e lamacentas. E a esta situação de clandestinidade e ilegalidade associam-se outras de «rendas altíssimas para casas sem condições» e «exploração de imigrantes ilegais», explica Susana Amador.

Mas se estes imigrantes são relativamente recentes, há, no entanto, histórias de vidas inteiras passadas no Bairro da Serra da luz. Talvez por isso, e porque o perigo ainda só espreita, as cerca de duas mil pessoas que ali vivem «acreditam que nada vai acontecer».

Tanto que, mesmo depois de os técnicos camarários terem avisado as seis famílias que estavam em maior risco que tinham de sair, e que se ficassem teriam de assinar um termo de responsabilidade, ninguém saiu. A autarquia teve de voltar e dizer-lhes que tinha mesmo de ser, até porque as previsões apontam para mais dois dias de temporal.

A presidente da Câmara Municipal de Odivelas (município que existe apenas desde 2001), Susana Amador, conta que em Janeiro deste ano conseguiu que aquela zona fosse considerada crítica, o que lhe permite agora iniciar uma conversão sócio-urbana.

Para já, os dois prédios em maior risco, principalmente depois do temporal que se abateu sobre a Grande Lisboa na segunda-feira, já foram desabitados e vão ser demolidos.