Afastadas técnicas que denunciaram maus tratos - TVI

Afastadas técnicas que denunciaram maus tratos

(Arquivo)

Um delas testemunhou no julgamento do caso do transsexual Gisberta

A direcção da Oficina de São José, no Porto, dispensou os serviços de duas técnicas que denunciaram situações de maus tratos aos menores daquela instituição, noticia o Jornal de Notícias esta quarta-feira.

Uma delas testemunhou no julgamento dos 13 jovens envolvidos na morte do transsexual Gisberta.

A decisão, adianta o Jornal de Notícias, foi comunicada oficialmente sob a forma de não renovação de contratos a prazo de uma assistente social e uma psicóloga, ambas ligadas à instituição «Qualificar para Incluir».

O Padre Lino Maia, responsável na Diocese do Porto pelas instituições de solidariedade social, afirmou, em declarações à Rádio Renascença esta manhã, que as duas técnicas terão feito «alguma chantagem» com a direcção das Oficinas S. José, antes das declarações no julgamento.

Contactado pelo PortugalDiário, o secretário do Bispo do Porto disse que a Diocese do Porto, que tutela da Oficina de São José, remete para mais tarde declarações sobre este caso.



Segundo o Jornal de Notícias, Cidália Queirós, socióloga e directora da associação «Qualificar para Incluir» que também depôs no Tribunal de Menores do Porto, estabelece uma relação entre a dispensa de serviço das duas técnicas e as críticas, em julgamento, da associação «Qualificar para Incluir» à Oficina de São José.

O Jornal de Notícias lembra que o testemunho da associação motivou a extracção de certidão para processo-crime no DIAP do Ministério Público do Porto, bem como para o Instituto de Segurança Social. Em causa estão casos de alegados maus tratos.

«Há um grande desfasamento entre nós e a direcção. Na Oficina de São José não existe projecto educativo, são usados métodos retrógrados e autoritários. Aquilo é quase um armazém de crianças», afirmou ao Jornal de Notícias a professora universitária.

Cidália Queirós garantiu ao Jornal de Notícias que tentou denunciar os casos de maus tratos junto da Diocese do Porto, mas nunca chegou a ser recebida.

O PortugalDiário não conseguiu, até à hora de publicação deste artigo, contactar a direcção da Oficina de São José.

Morreu o director da Oficina

Entretanto, a Polícia Judiciária do Porto está a investigar a morte do director executivo da Oficina de S. José, Germano Costa, encontrado morto na manhã de segunda-feira em sua casa.

Germano Costa era advogado e director da instituição portuense que acolhia quase todos os menores envolvidos na morte do transsexual Gisberta.

O transsexual morreu em Fevereiro num poço de um prédio inacabado do Porto, onde se abrigava e onde foi sujeito a maus-tratos por parte dos menores, que foram condenados a penas entre 11 e 13 meses de internamento em centros educativos.
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