Ex-mulher de José Sócrates ouvida pelo Ministério Público - TVI

Ex-mulher de José Sócrates ouvida pelo Ministério Público

Sofia Fava está indiciada dos crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais no âmbito da Operação Marquês

Sofia Fava foi esta quarta-feira ouvida no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) no âmbito da Operação Marquês. A ex-mulher de José Sócrates é arguida desde abril de 2016 e está indiciada dos crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.

Sofia Fava chegou ao DCIAP pouco depois das 10:00 para prestar esclarecimentos aos procuradores do Ministério Público. A audição terminou por volta das 14:00.

O Ministério Público acredita que Sofia Fava terá ajudado José Sócrates nos negócios e que terá também usado Carlos Santos Silva como testa de ferro.

Durante a audição, Sofia Fava terá ficado a conhecer quais os avanços da investigação, o que foi recolhido até agora. As diligências visam impedir que, mais tarde, já deduzida a acusação, os arguidos venham dizer que foram acusados de factos que com que não foram confrontados.

O advogado da ex-mulher de José Sócrates disse que Sofia Fava não foi confrontada com “dados novos” no interrogatório conduzido pelo Ministério Público.

Não foi confrontada com dados novos”, disse Paulo Sá e Cunha aos jornalistas à saída da audição, sublinhando não poder revelar mais nada sobre o interrogatório realizado no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em Lisboa.

O advogado escusou-se a precisar se o interrogatório, a escassos dois dias do prazo previsto para a conclusão do inquérito, foi pedido por Sofia Fava ou pelos procuradores que dirigem a investigação Operação Marquês.

Questionado sobre se concorda com a posição da defesa de José Sócrates de que o prazo para a conclusão do inquérito teria terminado à meia-noite de segunda-feira e não na próxima sexta-feira como anunciou a Procuradora-Geral da República, Paulo Sá e Cunha confessou que “não fez a contagem” dos 180 dias a mais que Joana Marques Vidal concedeu em setembro para a conclusão da investigação.

Porém, no seu entender, “o prazo não afeta minimamente a validade dos atos praticados no inquérito”, o que leva a concluir que discorda da posição feita pelos advogados do antigo primeiro-ministro.

Sofia Fava está indiciada pelos crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais relacionados com a aquisição de um monte em Montemor-o-Novo, em que a garantia bancária, no valor de 760 mil euros, foi dada pelo empresário Carlos Santos Silva, amigo de longa data de José Sócrates, e que é apontado pelos investigadores como sendo o ‘testa de ferro’ e o fiel depositário dos subornos alegadamente pagos ao antigo líder do PS.

Na investigação, Sofia Fava é ainda suspeita de ter simulado um contrato de prestação de serviços com uma empresa de Carlos Santos Silva, por forma a auferir mensalmente cerca de 5.000 euros, que os investigadores entendem que na prática se tratava de dinheiro que o ex-primeiro-ministro canalizava para a ex-mulher através do empresário seu amigo, para amortizar as prestações mensais pela compra do monte no Alentejo.

José Sócrates está indiciado por corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, num processo que investiga crimes económico-financeiros e que tem 25 arguidos.

A Operação Marquês conta até ao momento, com 25 arguidos - 19 pessoas e seis empresas, quatro das quais do Grupo Lena.

Entre os arguidos estão Armando Vara, ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos e antigo ministro socialista, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, João Perna, antigo motorista de Sócrates, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, ex-administradores da PT, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro e o empresário luso-angolano Hélder Bataglia.

Para esta quarta-feira à tarde está marcada a audição de Diogo Gaspar Ferreira, antigo presidente da empresa gestora de Vale do Lobo, e que terá pago luvas a José Sócrates e a Armando Vara para ajudar a desbloquear o empréstimo de 200 milhões de euros da Caixa Geral de Depósitos investidos no empreendimento do Algarve.

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