Paulo Nazaré, o ex-militar considerado o cérebro da associação criminosa agora desfeita pela PJ, perito em branqueamento de capitais e quem terá estabelecido os contactos para o tráfico de diamantes, foi o mais difícil de capturar na operação desta segunda-feira.
Quando os cúmplices foram detidos, logo de manhã, Nazaré não foi encontrado em casa, durante a busca. A PJ procurou-o durante horas, numa altura em que a operação já tinha sido amplamente noticiada, e temia uma eventual fuga para o estrangeiro.
Acabou, no entanto, por ser localizado e detido em pleno centro comercial Vasco da Gama, em Lisboa, onde passeava cerca das três da tarde. Recolheu à prisão, onde passou a noite, e está a ser presente a tribunal.
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Seis arguidos ficaram em silêncio no interrogatório, incluindo alegado cabecilha
O interrogatório dos 11 arguidos detidos na Operação Miríade foi interrompido esta terça-feira pelo juiz de instrução Carlos Alexandre, após mais de cinco horas de diligência no Juízo de Instrução Criminal de Lisboa, sendo retomado na quarta-feira às 09:30.
Segundo apurou a TVI, durante este primeiro dia de interrogatório houve cinco arguidos que decidiram prestar declarações: Fernando Delfino, (civil), Luís Chantre (ex-comando), Emanuel Marques (civil), Michael Oliveira (agente da PSP) e Artur Amorim (advogado).
Quanto aos restantes seis detidos, a opção foi de não prestarem declarações.
O juiz Carlos Alexandre definiu o reinício da diligência a partir das 09:30 com a promoção das medidas de coação por parte do Ministério Público (MP) e as alegações dos advogados de defesa. De seguida, serão decididas as medidas de coação pelo juiz de instrução.
Em causa está a investigação a uma rede criminosa com ligações internacionais e que “se dedica a obter proveitos ilícitos através de contrabando de diamantes e ouro, tráfico de estupefacientes, contrafação e passagem de moeda falsa, acessos ilegítimos e burlas informáticas”, com vista ao branqueamento de capitais.
No mesmo dia, em comunicado, o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) revelou que alguns militares portugueses em missões na República Centro-Africana podem ter sido utilizados como "correios no tráfego de diamantes, ouro e estupefacientes", adiantando que o caso foi reportado em 2019.
Segundo o EMGFA, "o que está em causa de momento é a possibilidade de alguns militares que participaram nas FND [Força Nacional Destacada], na RCA, terem sido utilizados como correios no tráfego de diamantes, ouro e estupefacientes" e que "estes produtos foram alegadamente transportados nas aeronaves de regresso das FND a território nacional".