Corrupção passiva, falsificação de documentos e associação criminosa são os crimes de que os seis militares detidos são suspeitos. Dois capitães, um major e três sargentos foram ouvidos este sábado no tribunal de instrução e ficaram sujeitos à medida de coação mais pesada: a prisão preventiva.
O caso deriva da Operação Zeus, levada a cabo pela Polícia Judiciária e pela sua congénere militar. Está em investigação a sobrefaturação na compra de alimentos para cantinas da Força Aérea, que terá lesado o Estado, ao longo de cinco anos, em cerca de 10 milhões de euros.
Segundo informação prestada pelo tribunal de instrução, os militares ficaram sujeitos a prisão preventiva e a termo de identidade e residência depois de o juiz considerar que se verificavam os perigos de "perturbação do decurso do inquérito e de continuação da atividade criminosa".
Um esquema fraudulento
Na quinta-feira, a Polícia Judiciária esclareceu que a atividade criminosa consistia na faturação de géneros alimentícios fornecidos à Força Aérea por um valor muito superior ao dos bens que eram efetivamente fornecidos. A diferença de dinheiro pago a mais era posteriormente distribuída entre as empresas fornecedoras e os militares envolvidos no esquema.
Além dos seis militares constituídos arguidos e que ficam preventivamente detidos, cerca de seis dezenas de outras pessoas foram inquiridas na sexta-feira pela Polícia Judiciária.
A investigação, dirigida pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e executada pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da PJ envolveu 180 buscas em simultâneo em 12 bases militares, em 15 empresas e em diversos domicílios. Foram, apreendidas elevadas quantias em dinheiro, que os investigadoes presumem ser o produto da prática dos crimes.
Na Operação Zeus, desencadeada depois de um ano e meio de uma complexa investigação, participaram cerca de 330 investigadores e peritos da Judiciária, acompanhados por cerca de 40 elementos da Polícia Judiciária Militar, bem como por 27 magistrados do Ministério Público.
A Polícia Judiciária revelou que, desde o início da investigação, teve a colaboração, ao mais alto nível, da Força Aérea.