Marinho Pinto e o balanço na Ordem dos Advogados: «Fui ingénuo» - TVI

Marinho Pinto e o balanço na Ordem dos Advogados: «Fui ingénuo»

Marinho Pinto

O bastonário da Ordem dos Advogados lança esta quinta-feira o livro «Um combate desigual», com criticas e recados para dentro e os olhos postos na reeleição

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«Fui ingénuo na primeira parte do meu mandato porque acreditei que todos os dirigentes da Ordem respeitavam os estatutos, mas não. Eles têm um duplo critério». Esta citação da entrevista de Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados, à Lusa, é só o afiar da faca. O prato está reservado para o livro que apresenta esta quinta-feira, em Lisboa.



«No meu segundo mandato, se eu for eleito, vai desaparecer esse tipo de situações, estou certo de que irá ser eleito um Conselho Superior que não permitirá este tipo de actuações», e continua a cortar a direito, «isto só foi possível porque o Conselho Superior estava ao lado dos Conselhos Distritais contra o bastonário».

Em «Um combate desigual», Marinho Pinto analisa os três anos à frente da Ordem dos Advogados e dedica parte do livro aos conflitos com o Conselho Superior, presidido por José António Barreiros, que afirma narrar «com detalhe», e com o Conselho Geral, também com «pormenores e factos».

O livro é o ponto de partida para António Marinho Pinto, que quer continuar à frente da Ordem. Na candidatura ao segundo mandato, Marinho Pinto elege como «primeiro grande combate interno» a intervenção contra «a massificação da Justiça».

Com a polémica dos chumbos nos exames de acesso à profissão ainda fresca, o bastonário é cru na avaliação que faz da classe: «Temos trinta mil advogados quando bastavam 10 ou doze mil para as necessidades do país, porque a formação tornou-se um bom negócio para a Ordem, para certos dirigentes, porque dá a ganhar muito dinheiro».

«Só nos primeiros dois anos do meu mandato, os Conselhos Distritais pagaram 10,5 milhões de euros em honorários e salários de funcionários, 2,7 milhões em honorários para formadores», reforça.

Outro «combate tenaz» é contra «a desjudicialização da Justiça», ou seja, defende que a justiça tem de ser feita «dentro dos tribunais e não em julgados de paz».

O bastonário critica também as «elevadíssimas e usurárias taxas de Justiça que se cobram e que os juízes aplicam muitas vezes como retaliação por as partes exigirem os seus direitos e exercerem as suas faculdades processuais».

São alguns dos objectivos que transitam do primeiro mandato que o advogado de Coimbra quer tratar no segundo. Marinho Pinto deixa mais alguma lenha para a fogueira. Sobre o primeiro mandato, diz que foi um «tempo escasso», sobretudo por causa do «boicote e sabotagem de alguns sectores da Ordem que não aceitaram o veredicto democrático dos advogados, incluindo antigos bastonários, ex-dirigentes e dirigentes actuais».

As eleições na Ordem dos Advogados realizam-se em Novembro.
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