Médicos alertam para doentes prejudicados com mais burocracia na emissão de receitas - TVI

Médicos alertam para doentes prejudicados com mais burocracia na emissão de receitas

  • AM
  • 5 out 2018, 07:42
Saúde

Ordem considera que está a ser prejudicado o tempo de consulta a dedicar ao doente

A Ordem dos Médicos avisa que está a agravar-se a “burocracia informática” que envolve a emissão de receitas médicas sem papel, considerando que está a ser prejudicado o tempo de consulta a dedicar ao doente.

Segundo o bastonário dos Médicos, Miguel Guimarães, os serviços do Ministério da Saúde responsáveis pela gestão dos sistemas informáticos emitiram uma circular na qual é solicitado aos médicos mais um procedimento a executar na emissão das receitas médicas.

É pedido aos médicos um “procedimento informático extra”, que passa por informar um ‘helpdesk’ sobre a falência do sistema informático para que seja gerado um número de código que devem incluir quando na receita manual quando não é possível passar uma receita eletrónica.

Segundo a Ordem, quando há um problema informático que impossibilita passar uma receita eletrónica, os médicos estão a ser obrigados a colocar na receita manual um código numérico que é o indicador da falha informática.

Em declarações à agência Lusa, o bastonário Miguel Guimarães explica que esse código nem sempre é fácil de encontrar, levando a que os médicos “percam muito tempo” a ligar para um ‘helpdesk’.

“Faz perder muito tempo. Às vezes pode levar uma, duas ou três horas. Isto é trabalho burocrático, não é trabalho médico”, sublinha o bastonário, indicando que já escreveu aos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) sobre este assunto, mas que ainda não recebeu qualquer resposta.

Miguel Guimarães não tem dúvidas de que “isto está a ter repercussões negativas na atividade médica”, apontando para uma excessiva burocratização informática que “prejudica o trabalho dos médicos e a relação médico/doente”.

“Isto não é aceitável. Isto é para cair. Não é forma de funcionamento”, afirma,

Os médicos entendem que as novas exigências na emissão de receitas médicas “complicam um processo burocrático e administrativo” que é já excessivo e “roubam tempo útil à observação do doente”, segundo a presidente do colégio de especialidade de medicina geral e familiar, Isabel Santos.

O bastonário considera até que “qualquer alteração nos sistemas informáticos” devia ser “acompanhada, no terreno, por médicos”, que experimentassem a sua viabilidade.

Falhas informáticas são assunto interno

O serviço que gere os sistemas informáticos do Ministério da Saúde escusa-se a comentar a forma como os médicos ou serviços de saúde se organizam para reportar falhas informáticas, na sequência de queixas da Ordem.

Numa resposta enviada à agência Lusa, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) afirmam que, em julho, entrou em vigor uma nova circular referente ao uso dos sistemas informáticos, mas alega que o objetivo é "facultar informação rigorosa sobre os constrangimentos que impedem os médicos de usar o sistema eletrónico, em caso de falência", para garantir que os problemas são analisados e resolvidos.

"Relativamente à forma como os serviços se organizam para proceder à notificação de falhas informáticas, é um assunto interno sobre o qual a SPMS não comenta", acrescenta a resposta escrita.

A SPMS diz ainda que a lei estabelece que o uso de receita manual e em papel depende de condições verificáveis, como falência informática, inadaptação do médico aos sistemas ou um limite de 40 receitas por mês.

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