Carlos Alexandre explica empréstimo do amigo procurador - TVI

Carlos Alexandre explica empréstimo do amigo procurador

Juiz foi chamado pela segunda vez ao DCIAP para depor como testemunha, a propósito de um depósito feito em março de 2016 que partiu da sua conta para a de Orlando Figueira, já na altura em prisão preventiva

A TVI consultou o processo da Operação Fizz, que investiga esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro, na qual Carlos Alexandre foi chamado, pela segunda vez, para depor como testemunha. O juiz explicou o empréstimo de 10 mil euros que recebeu do ex-procurador Orlando Figueira, arguido no processo, e que está preso em casa.

A investigação detetou que, a 9 de março de 2016, tinha sido feito um depósito que partiu da conta de Carlos Alexandre para a conta de Orlando Figueira que, na altura, já estava em prisão preventiva há mais ou menos um mês. 

Ora, Carlos Alexandre explicou, no Departamento Central de Investigação e Ação Penal, que mantinha uma amizade de 25 anos com este procurador, que se conheceram quando foram ambos trabalhar para o Tribunal de Vila Franca de Xira. Disse também que a relação se estreitou ao ponto de Carlos Alexandre ter dito que Figueira era dos poucos amigos a frequentar a sua casa.

Dinheiro foi para reabilitar casa

Carlos Alexandre estava a reconstruir uma casa de família em Mação e pediu ao Crédito Agrícola um crédito de 100 mil euros, que ia sendo libertado em tranches. Uma delas não foi libertada, uma vez que as obras não tinham decorrido no ritmo que se esperava. Foi, segundo reportou no seu depoimento, ao contar isso a Orlando Figueira que o amigo ter-lhe-á proposto emprestar esse dinheiro.

O juiz conta que acabou por hesitar em receber o empréstimo, mas acabou por aceder tendo em conta que o amigo evidenciava sinais exteriores de algum bem-estar económico: tinha carros novos e o filho estudava nos EUA, por exemplo.

Diz ter aceitado o dinheiro, não suspeitando que estivessem subjacentes atos de corrupção. Só quando a verba foi libertada pelo banco acabou por fazer o depósito, a 9 de março de 2016, para devolver o empréstimo.

Juiz deu conselho ao ex-procurador

Carlos Alexandre não suspeitou, não obstante o procurador lhe ter dito em 2012  que iria trabalhar para entidade ligada à Sonangol, petrolífera angolana, de que o amigo estivesse envolvido num crime de corrupção.

O juiz - consta do despacho da acusação - terá, de resto, desaconselhado o amigo procurador a manter em mãos inquéritos relacionados com entidades políticas angolanas.

Versão diferente terá dado Cândida Almeida, que na altura era diretora do DCIAP, e que em janeiro também depôs, como testemunha. Diz que foi enganada pelo ex-procurador Orlando Figueira, uma vez que lhe perguntou expressamente se iria trabalhar para entidades angolanas e ele terá dito que não,

Orlando Figueira é, neste caso, arguido, acusado de corrupção, tal como o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente. Carlos Alexandre, recorde-se, testemunha.

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