«Não» aos hotéis de charme em Lisboa - TVI

«Não» aos hotéis de charme em Lisboa

«Não» aos hotéis de charme em Lisboa

Comissão Municipal de Habitação chumbou os projectos da Câmara de Lisboa para alienar cinco palácios

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A Comissão Municipal de Habitação chumbou os projectos da Câmara de Lisboa para alienar cinco palácios que serão transformados em hotéis de charme, disse esta segunda-feira à Lusa fonte daquela estrutura.

Segundo o presidente da Comissão, Pedro Portugal, o parecer negativo foi dado por unanimidade, numa reunião onde estiveram presentes os representantes de todos os partidos.

Lisboa vai ter mais «hotéis de charme»

«A Comissão duvida se de facto não pode ser dado outro fim para aquele valioso património, algum do qual já alvo de recuperação custeada pela autarquia, como por exemplo a cedência a instituições, mas mantendo a câmara a propriedade», afirmou.

A Comissão considerou ainda que «no projecto apresentado não é vedado por completo a utilização daquele património para outro fim que não os hotéis de charme».

De acordo com Pedro Portugal, os elementos da Comissão Municipal de Habitação têm igualmente dúvidas sobre se a conjuntura económica é de facto favorável para a alienação de património.

12,7 milhões de euros

Por uma base de licitação que atinge um total de 12,7 milhões de euros, o projecto da autarquia abrange a alienação de seis edifícios: o Palácio do Machadinho, o Palácio Braamcamp, o Palácio do Benagazil, o Palácio Pancas Palha (também conhecido por Van Zeller), o Palácio do Visconde do Rio Seco e o edifício do Passo da Procissão do Senhor dos Passos da Graça.

Na especialidade, o parecer da Comissão alerta ainda para o facto de, no caso do Palácio Pancas Palha (o de maior área), a autarquia começou a reabilitá-lo em 1992, um processo que passou por vários executivos municipais.

«Parece ter havido uma linha estratégica de reabilitação deste palácio durante 10 a 12 anos, um processo que abrangeu vários executivos camarários e agora decide-se alienar?», questionou Pedro Portugal, acrescentando que o projecto também não tem qualquer informação sobre quanto a autarquia já investiu na reabilitação deste palácio.

No caso do Palácio do Visconde do Rio Seco, no Bairro Alto, «a autarquia adquiriu-o há menos de 10 anos, mas não sabemos com que fim nem a que preço, porque não vem o histórico no projecto do executivo», acrescentou.

Pedro Portugal apontou ainda o exemplo do edifício do Passo da Procissão do Senhor dos Passos da Graça, na freguesia do Socorro, sublinhando que «encaixa num conjunto histórico de homenagem a S. João de Brito».

«Houve uma recomendação da Assembleia Municipal aprovada em 2005 a defender a reabilitação de toda aquela zona, que poderia ser usada, eventualmente, para actividade museológica», sublinhou.

Não é vinculativo

Apesar de reconhecer que o parecer da Comissão «não é vinculativo» e que o plenário da Assembleia Municipal é soberano na posição que poderá tomar na reunião de terça-feira, Pedro Portugal lembrou que o chumbo mereceu a concordância dos representantes de todos os partidos e que foi unânime a posição de que a autarquia deveria «rever o projecto e reformulá-lo».

O projecto «Lisboa, capital do charme», abrange a alienação de seis edifícios, cinco dos quais palácios e que têm uma base global de licitação de 12,7 milhões de euros.

Na apresentação do projecto, há 15 dias, o presidente da autarquia, António Costa, sublinhou que o projecto representa uma «mais-valia importante», apesar da crise económica, alegando que o mercado dos hotéis de charme está «a crescer» e que é um segmento em que «vale a pena apostar».

Explicou ainda que o principal objectivo destas alienações não foi o encaixe financeiro, mas a recuperação do património e o aumento de uma oferta hoteleira diferenciada em Lisboa.
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