Covid-19: "aumentos repentinos" são preocupantes e "estão a ser cometidos erros de gestão política" - TVI

Covid-19: "aumentos repentinos" são preocupantes e "estão a ser cometidos erros de gestão política"

O professor de saúde pública internacional Tiago Correia defende que há medidas que já deviam ter sido implementadas como o semáforo epidemiológico. O especialista considera que estes aumentos repentinos de novas infeções são "um dado preocupante" e que estão a ser cometidos "erros de gestão política"

Tiago Correia, professor de saúde pública internacional, da Universidade Nova de Lisboa, considera que os aumentos repentinos de novos casos de covid-19 são "um dado preocupante", que "não devia acontecer". O especialista esteve este sábado no Jornal das 8 da TVI, no dia em que Portugal registou o maior número de novos casos de sempre

Tenho dito que mais do que os números em si, o que me preocupa é a tendência. O que não queria verificar era aumentos repentinos porque isso significa um descontrolo na capacidade de rastreio. Estes aumentos repentinos são um dado preocupante, não devia acontecer", vincou.

O professor explicou que este tipo de picos "significa que não estamos a ser capazes de perceber quem é contagiado por um caso positivo".

Neste sentido, Tiago Correia defende que é preciso reforçar rapidamente a área da saúde pública e se não há médicos, tem de haver enfermeiros. "Produzimos enfermeiros neste país com enorme qualidade, muitos emigram", acrescentou.

Precisamos de reforçar rapidamente a área de saúde pública e se não há médicos tem de haver enfermeiros. Produzimos enfermeiros neste país com enorme qualidade, muitos emigram, as suas competências académicas são reconhecidas. E se não houver temos de perceber quais são as melhores soluções para garantir os rastreios e que as pessoas identificadas estão isoladas e em quarentena", frisou.

O especialista disse que, ao contrário do que aconteceu em março e abril, o país não jogou na antecipação após as férias do verão e que há medidas "que já deviam ter sido implementadas" como o semáforo epidemiológico.

"As pessoas não sabem na sua freguesia se há um risco elevado ou não", continuou.

Por outro lado, Tiago Correia defendeu que é necessário fazer perfis socio-profissionais dos infetados, como aconteceu por exemplo na Área Metropolitana de Lisboa, para que sejam implementadas respostas políticas adequadas. "Medidas abstratas não vão produzir resultado", alertou.

"Estão a ser cometidos erros que conhecíamos de epidemias anteriores, erros de gestão política que não precisávamos de estar a cometer", concluiu.

Portugal registou, este sábado, mais 1.646 casos e cinco mortes por covid-19.

Desde o início da pandemia, em março, este é o maior número de novos casos de infeção. O segundo maior registo aconteceu a 10 de abril, com 1.516, e o terceiro mais recentemente, nesta sexta-feira, com 1.394 novos casos.

Portugal já registou 2.067 mortes e 85.574 casos de infeção, estando hoje ativos 30.704 casos, mais 1.002 do que na sexta-feira.

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