Vacinas e coágulos: sabia que o risco é maior noutras coisas que toma ou faz? - TVI

Vacinas e coágulos: sabia que o risco é maior noutras coisas que toma ou faz?

  • João Guerreiro Rodrigues
  • 15 abr 2021, 15:18
Comprimidos

Da pílula contraceptiva a andar de avião, conheça algumas das situações que têm mais probabilidade criar coágulos sanguíneos do que a vacina da AstraZeneca

As tromboses supostamente associadas às vacinas da AstraZeneca e da Johnson & Johnson continuam a gerar uma grande preocupação entre a população. O regulador europeu, a EMA, estima que o risco de formação de coágulos sanguíneos após a administração da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca é de uma em cada 100 mil pessoas.

Nos Estados Unidos, as autoridades de saúde recomendaram “uma pausa” na administração da vacina contra a covid-19 da Janssen, após terem sido detetados coágulos sanguíneos em seis mulheres, numa altura em que já foram administradas mais de sete milhões de doses desta vacina. 

Feitas as contas, há outras situações que apresentam uma maior probabilidade de desenvolver coágulos sanguíneos. É esse o caso quando comparamos o risco da vacina com os riscos descritos na bula de medicamentos de uso diário, que não necessitam de prescrição médica. 

O Paracetamol, rei das vendas em Portugal, com mais de um milhão e meio de embalagens vendidas só em 2020, tem entre os seus possíveis efeitos secundários: “perturbações da formação das células do sangue (diminuição do número de plaquetas; diminuição do número de glóbulos brancos, por vezes intensa; diminuição geral de todos os elementos do sangue)”. Estes sintomas são considerados “muito raros” e afetam “menos de 1 pessoa a cada 10 mil”.

Um dos medicamentos não sujeitos a prescrição médica mais utilizado pelos portugueses, o Ibuprofeno 600mg, alerta na sua bula que “os medicamentos anti-inflamatórios ou de alívio da dor, como o ibuprofeno, podem estar associados a um pequeno aumento do risco de ataque cardíaco ou AVC, particularmente quando são utilizadas doses altas”, advertindo mesmo para que consulte o seu médico caso tiver antecedentes familiares com tensão alta, diabetes, colesterol e “doença de coração ou AVC”.

Os anticontraceptivos são outros dos casos em que é conhecida a relação com a trombose. Com a diminuição progressiva das doses de hormonas existentes na pilulas anticontraceptivas, o número de casos registados tem vindo a diminuir, no entanto, estudos apontam para que 10 em cada 10.000 mulheres venham a sofrer um evento trombótico fruto do uso de contracetivos orais.

De acordo com um estudo canadiano, o risco de desenvolver a doença durante a gravidez é também superior, com cerca de 50 a 200 casos por cada 100.000 grávidas.

O ácido acetilsalicílico, mais conhecido como Aspirina, pode causar o “aumento do risco de hemorragia devido ao seu efeito inibitório sobre a agregação plaquetária” e, em casos muito raros, “hemorragia do trato gastrintestinal e hemorragia cerebral”.

Tal como as vacinas, todos os efeitos secundários listados nas bulas destes medicamentos são tidos como “raros” ou “muitos raros”. 

Recorde-se que a Agência Europeia do Medicamento (EMA) ainda está a investigar os casos de coágulos sanguíneos após toma da vacina da Johnson & Johnson contra a covid-19.

Atualmente, estão aprovadas quatro vacinas na UE pela Agência Europeia do Medicamento: Pfizer/BioNTech (Comirnaty), Moderna, Vaxzevria (novo nome da vacina da AstraZeneca) e Janssen (grupo Johnson & Johnson).

Aparecimento é mais provável em quem fuma ou faz longas viagens de avião

Um recente estudo da Universidade de Cambridge revela mesmo que a probabilidade de sofrer uma trombose após tomar a vacina da AstraZeneca é de 0.2% por cada 100 mil pessoas, para idades entre os 60 e os 69 anos.

Para colocar estes números em perspetiva, o Wilmslow Health Centre estima que o risco de uma pessoa saudável vir a desenvolver um coágulo sanguíneo após um voo com mais de quatro horas é de 16,7 em cada 100.000, ou seja, 42 vezes superior ao aparecimento de coágulos após a administração da vacina.

O motivo? Estar sentado. Durante viagens longas, é normal passar várias horas sentado, o que afeta a circulação sanguínea, particularmente nas pernas, levando ao aparecimento de coágulos. Por esse motivo, sempre que faz uma viagem longa ou passa largos períodos sentado, deve levantar-se e dar uma volta a pé para prevenir o coágulo.

De acordo com um estudo realizado em 2013, é 17% mais provável que os fumadores e os ex-fumadores desenvolvam trombose venosa do que os não fumadores.

Risco de coágulos é superior em pessoas infetadas com covid-19

Investigadores da Universidade de Oxford reportaram esta quinta-feira que o risco de coágulos sanguíneos após a infeção de covid-19 é oito vezes superior do que com a vacina da AstraZeneca. De acordo com os cientistas, os pacientes infetados têm uma probabilidade 100 vezes maior de desenvolver tromboses no seio cavernoso cerebral.

De acordo com o estudo publicado, cerca de cinco pessoas em um milhão desenvolveram este tipo raro de coágulo sanguíneo, após a primeira dose da vacina britânica. Ao passo que quatro em um milhão de pessoas que receberam, pelo menos, uma dose de uma vacina mRNA desenvolveram a doença.

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