Covid-19: "Não tenham medo das reações adversas" da vacina, diz especialista - TVI

Covid-19: "Não tenham medo das reações adversas" da vacina, diz especialista

João Gonçalves, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e do Instituto de Investigação do Medicamento, alerta que é importante proteger os grupos de risco até a imunidade estar consolidada, uma vez que as pessoas mais velhas têm menos capacidade de responder às vacinas

Numa altura em que estão prestes a chegar a Portugal as primeiras vacinas contra a covid-19, João Gonçalves, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e do Instituto de Investigação do Medicamento, faz um apelo aos portugueses: "Não tenham medo das reações adversas".

Todas as vacinas provocam reações adversas, que dependem de vários fatores: do tipo de vacina, do tipo de administração, do tipo de pessoas que levam essas vacinas. Todas as vacinas têm efeitos adversos, mas há efeitos adversos que são bons e esses efeitos adversos que nós vamos observar nesta vacina - dores de cabeça, inchaços, alguma febre - isso é algo que é muito bom. E porquê? Porque é o sistema imunitário que está a lutar e está a reconhecer aquela vacina como estranha. O que eu deixava aqui como orientação para as pessoas lá de casa é que não tenham medo destas reações adversas porque elas são o vosso sistema imunitário que esta a ser educado contra aquela vacina", afirmou durante a reunião do Infarmed que decorre em Lisboa.

 

Todas aquelas equações que colocávamos como efeitos secundários às vacinas não estão a ocorrer e as indicações são de que todas as vacinas que nós temos presentes apenas indicam que os efeitos secundários são os efeitos secundários de uma estimulação do sistema imunitário. Não tenham medo porque a imunidade não vos vai criar efeitos secundários completamente estranhos na vossa vida", adiantou.

Quanto à imunidade, o especialista adianta que ela não é igual em todas as pessoas, e que as pessoas mais velhas, têm menos capacidade de responder a essas vacinas e que, por isso, "é importante proteger os grupos de risco até a imunidade estar consolidada".

Nem todos os doentes covid-19 têm a mesma imunidade e nós temos observado isso nos últimos meses na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e no Instituto de Investigação do Medicamento em que acompanhados uma população de cerca de 400 a 500 pessoas e que estiveram doentes e vamos avaliar  como é que elas desenvolveram imunidade. E a surpresa é que aqueles doentes que estiveram com mais sintomas são aqueles que foram para os cuidados intensivos, são aqueles que têm mais proteção. Aqueles que tiveram a doença assintomática, nós não vemos o desenvolvimento de muitos anticorpos e isso, no fundo, vai ser algo que a vacina vai ter que fazer, que é induzir uma imunidade elevada em todas as pessoas sem provocar doença", explicou João Gonçalves.

É preciso saber se “as vacinas que aí vêm, além de impedirem a doença, também permitem a transmissão”. O que ainda não se sabe: “O trabalho de casa ainda não terminou”.

Sobre esta matéria, Fátima Ventura, do Infarmed, disse que há 274 vacinas em desenvolvimento, mas que a União Europeia só contratualizou aquisição de seis.

No que toca à intenção de tomar a vacina, embora se venha a registar uma evolução positiva, 30% dos inquiridos dizem-se disponíveis para a levar logo que possível, contra 6% que afirmam que nunca vão tomar.

Por outro lado, 62% dizem querer esperar algum tempo.

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