Covid-19: Governo admite confinamento até meio de março - TVI

Covid-19: Governo admite confinamento até meio de março

"É bastante claro que quanto mais intenso for o confinamento, mais rapidamente se reduz o risco efetivo de transmissão", avançou Marta Temido

O atual confinamento tem de ser prolongado por mais tempo", afirmou a ministra da Saúde, Marta Temido, no final de mais uma reunião do Infarmed. 

Marta Temido não tem dúvidas e afirma que "é bastante claro que quanto mais intenso for o confinamento, mais rapidamente se reduz o risco efetivo de transmissão", e isso já se fez sentir nos números revelados hoje, em que são notadas reduções no número de casos, hospitalizações e óbitos. 

Quanto ao período de alargamento do confinamento, a ministra da Saúde afirma ser "evidente que o atual confinamento tem de ser prolongado por mais tempo, para já durante o mês de fevereiro, mas provavelmente por um período que os peritos estimaram ser de 60 dias a contar do seu início”.

Marta Temido reforça a ideia de que este período de, pelo menos, 60 dias é necessário "para trazer o nível de internamentos em UCI para abaixo de 200”.

Os especialistas traçaram vários cenários matemáticos de projeção sobre o tempo que demoraríamos a atingir este cenário e apontaram este período de tempo como necessário para chegar a esse nível”, continuou. 

Questionada sobre eventuais alterações ao modelo de confinamento e levantamento gradual de restrições, afirmou que “terá que ser dirigida para um momento posterior”, remetendo para as resoluções do conselho de ministros e os decretos do Presidente da República.

Marta Temido indicou que foi pedido aos peritos que cheguem a um consenso sobre “um critério base para reavaliar decisões de alargamento das medidas”, reconhecendo que quanto a números de incidência, risco de transmissão e outros indicadores, “os peritos se têm pronunciado em sentidos nem sempre coincidentes”.

São matérias a que vamos voltar mais tarde”, referiu.

Os números de novos casos diários têm “tendência para decrescer”, mas “nada está adquirido”, salientou Marta Temido, acrescentando que “quanto maior o confinamento, mais rápida será a redução do risco efetivo de transmissão”.

O confinamento decretado em 15 de janeiro marcou o início do decréscimo do número de novos casos, “mais acentuado” a partir do agravamento das medidas e o fecho das escolas, no dia 21 de janeiro.

Embora “mais atrasada”, verificou-se também a partir desse momento uma redução gradual do número de internamentos e de mortes atribuídas à covid-19.

A ministra da Saúde referiu ainda que o confinamento teve impacto nas estimativas que o Instituto nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge fez sobre a possibilidade de, nesta altura, a variante mais contagiosa do SARS-CoV-2 descoberta no Reino Unido atingir 60 por cento de prevalência, indicando que se conseguiu “reduzir a sua predominância”.

Marta Temido indicou que o seu ministério já pediu à Direção-geral da Saúde que reavalie os critérios para testagem de contactos com pessoas infetadas no sentido de qualquer contacto, independentemente do risco, poder ter acesso a um teste.

Em relação à vacinação, cuja primeira fase vai ser prolongada para abril, assumiu "dificuldades e constrangimentos".

Todos sabemos que o número de vacinas contratadas pela Comissão [Europeia] é superior àquele que nos está a chegar", referiu, afirmando que Portugal, na presidência da União Europeia, dará "apoio à comissão para que os contratos realizados sejam cumpridos e as quantidades contratadas venham a ser entregues o mais brevemente possível".

Quando questionada sobre as escolas, a ministra da Saúde respondeu que essa questão só pode ser discutida depois da audiência com Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República, e do decredto do estado de emergência.

As palavras da ministra surgem numa altura em que Portugal parece começar a controlar a pandemia, depois de ter sido o país mais afetado em todo o mundo pela terceira vaga.

Perante esse cenário, os especialistas pedem cautela, ainda que o pico tenha ocorrido no final de janeiro em termos de casos, e na primeira semana de fevereiro, relativamente a mortes.

Portugal regista esta terça-feira mais 2.583 novos casos e 203 mortes por covid-19, segundo o boletim divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS)

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