Professores criticam “visão idílica da normalidade” do Ministério para o próximo ano letivo - TVI

Professores criticam “visão idílica da normalidade” do Ministério para o próximo ano letivo

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  • 31 jul 2020, 15:16
Escola

Secretário-geral da FNE diz que escolas têm autonomia insuficiente para aplicar regras e que há falta de confiança do Ministério nos diretores e professores

A Federação Nacional da Educação (FNE) considerou esta sexta-feira que a tutela parece ter uma “visão idílica da normalidade”, criticando as orientações o próximo ano letivo que, segundo os professores, não pode ser encarado como normal.  

O Ministério da Educação não pode dizer que vamos ter um ano letivo normal, com as mesmas pessoas, com as mesmas condições”, disse o secretário-geral da federação considerando que o governo “insiste nesta visão idílica da normalidade”.

João Dias da Silva falava numa conferência de imprensa, na sede da FNE, em Lisboa, que serviu para fazer o balanço do último ano letivo, mas em que o tema principal foi a preparação do próximo ano.

Para o representante dos professores, que considerou essencial a retoma das atividades presenciais em setembro, o ano letivo deve ser preparado com realismo, mas, da parte do Ministério, isso não está a acontecer.

O secretário-geral da FNE referia-se, sobretudo àquilo que considera ser uma falta de confiança nas escolas, nos diretores e nos professores, apelando para a autonomia das instituições para decidirem sobre as melhores medidas em cada contexto.

O Ministério da Educação não pode imaginar que pode fazer regras muito específicas para serem cumpridas universalmente e igualmente em todas as escolas”, sublinhou, explicando que isto se aplica não só à organização e funcionamento da escola, mas também à organização curricular e à aplicação das medidas de segurança sanitária.

Segundo João Dias da Silva, “visão idílica” aliada a alegada autonomia insuficiente das escolas resulta, por sua vez, numa falta de confiança por parte da comunidade educativa no regresso às aulas presenciais, agravada pela falta de diálogo entre a tutela e os seus representantes.

Neste sentido, o dirigente sindical lamentou que os sindicatos e associações representativas dos diferentes membros da comunidade educativa não tenham sido mais envolvidos na preparação do próximo ano.

O Ministério da Educação revelou-se, mais uma vez, incapaz de envolver e mobilizar os diferentes parceiros na determinação daquilo que são as orientações que tem vindo a anunciar para o novo ano letivo. É uma autossuficiência que consideramos negativa”, afirmou.

Na opinião do secretário-geral da FNE, a exclusão dos sindicatos da discussão contribuiu também para a existência de muitas dúvidas em torno do arranque do próximo ano letivo, a que acresce aquilo que João Dias da Silva considera ser um discurso falacioso da tutela assente em números.

O Ministério da Educação quer fazer crer que, porque anuncia milhões para umas coisas e milhões para outras, resolve os problemas”, disse, referindo-se ao investimento no ensino digital e ao reforço de profissionais, e acrescentou: “Feitas as contas, vemos que é pouco”.

Na lista de condições que a FNE considera indispensáveis à retoma do ensino presencial, a estrutura sindical inclui a autonomia das escolas, a flexibilidade curricular no que respeita à recuperação de aprendizagens e o respeito integral do período de férias dos docentes.

Admitindo a possibilidade de voltar ao ensino à distância, a FNE defende a formação tecnológica dos docentes e a disponibilização de equipamentos a todos os alunos e docentes.

Em termos de condições de segurança sanitária, a estrutura sindical considera que seria importante a realização de testes serológicos e de diagnóstico de covid-19, ao longo do ano letivo, a toda a comunidade escolar.

 

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