Mais de mil jovens treinam para salvar vidas - TVI

Mais de mil jovens treinam para salvar vidas

Todos os dias morrem 27 pessoas em Portugal vítimas de paragem cardiorrespiratória súbita. Uma mega-aula, esta sexta-feira, em Sintra, procurou sensibilizar para um facto: o primeiro elo na cadeia de reanimação é cada um de nós

Hoje é um boneco, amanhã pode ser um dos nossos. Acho que é uma experiência importante e nós precisamos dela na nossa vida.”

As palavras são de Inês Pedro, 17 anos, uma das mais de mil jovens que participaram, esta sexta-feira, numa mega aula de reanimação cardíaca. Cada um destes mais de um milhar de jovens está apto a ajudar uma vítima de paragem cardiorrespiratória, até chegar o auxílio médico.

Inês Pedro, 17 anos, uma das participantes do mass training desta sexta-feira

A iniciativa foi um recorde a nível nacional, de acordo com o movimento Salvar Mais Vidas.

Tivemos cerca de mil alunos, todos a fazer estas manobras de reanimação. Foi fantástico. Estamos todos de parabéns”, diz Gabriel Boavida, um dos fundadores do movimento Salvar Mais Vidas.

O projeto pretende sensibilizar cada um de nós para os números “assustadores” da morte súbita em Portugal. Todos os anos, morrem em Portugal mias de 10 mil pessoas vítimas de paragem cardiorrespiratória. São 27 pessoas por dia. A média é de mais de uma pessoa por hora.

Gabriel Boavida, do movimento cívico Salvar Mais Vidas

Na realidade, a taxa de sobrevivência de paragens cardiorrespiratórias em Portugal está muito abaixo da média europeia. Não vai além dos 3%.

Quando uma vítima tem uma paragem cardiorrespiratória, ao fim de 10 minutos, começam a reduzir-se as hipóteses de sobrevivência e o socorro médico demora mais do que isso a chegar. Por isso, o elo mais importante desta cadeia de sobrevivência é o leigo. É cada um de nós.

As paragens cardiorrespiratórias não acontecem ao lado da base do INEM, ao lado do quartel dos bombeiros, à porta do hospital. Elas acontecem em casa, acontecem nos locais públicos, acontecem com os nossos amigos, com os nossos familiares. E a base da pirâmide de reanimação não é a ambulância do INEM, não são os bombeiros, somos nós, os leigos. Todos nós”, lembra Pedro Nunes, médico pediatra e coordenador da escola de reanimação do Hospital Amadora-Sintra.

E se acha que, por não ter um curso de suporte básico de vida, não pode fazer nada, desengane-se. Tudo é melhor do que não fazer nada:

Devemos sempre fazer algo. (…) Todos nós já vimos filmes, já vimos séries, já ouvimos falar que são as compressões no peito que comprimem o coração, põe o sangue a circular e fazem o sangue chegar ao cérebro. É esse o principal objetivo da reanimação por leigos. (…) Mesmo que não saibam fazer nada, comprimam, forte e rápido, no centro do peito, 100 a 120 por minuto, sem parar.”

Esta sexta-feira, estiveram, em Rio de Mouro, na iniciativa do movimento cívico Salvar Mais Vidas, do Hospital Amadora-Sintra e da Câmara de Sintra, mais de mil estudantes do 9º ao 12º. Mas o ensino e a sensibilização tem de começar muito mais cedo, como defende Pedro Nunes:

O projeto dos 3C’s começa no infantário, a ensinar às crianças de tenra idade os dois primeiros C’s, o reconhecer uma paragem cardiorrespiratória e o saber ativar o número de emergência.”

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