Bombeiros: adesão ao protesto foi superior a 90% em oito distritos - TVI

Bombeiros: adesão ao protesto foi superior a 90% em oito distritos

  • JGF com Lusa/Atualizada às 23:58
  • 10 dez 2018, 20:33

Números garantidos pelas federações de bombeiros

O protesto dos bombeiros voluntários está a ter uma adesão significativa, de acordo com as federações de bombeiros, com exceção do Algarve e Santarém, existindo em alguns distritos uma ‘guerra’ de números com os Comandos ou Conselhos Distritais.

A adesão ao protesto de não comunicar as ocorrências à Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) foi de 100% nos distritos de Viana do Castelo, Bragança, Aveiro e Beja, sendo superior a 95% em Leiria, Lisboa, Viseu e Évora, de acordo com os dados recolhidos pela Agência Lusa.

Em alguns distritos, a informação aponta para um apoio generalizado ao protesto decidido pela Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) no domingo, sem que haja uma quantificação.

É o caso de Vila Real, em que a federação veicula que a maioria das 26 corporações aderiu, e da Guarda, em que se aponta para uma adesão de quase 100% dos 23 corpos de bombeiros, ou da “forte adesão” de que dá conta a federação de Setúbal.

No Algarve, os bombeiros não aderiram ao protesto e no distrito de Santarém apenas 5 das 28 corporações estiverem sem reportar ocorrências à ANPC.

Nos distritos de Braga, Porto, Castelo Branco e Coimbra há uma ‘guerra’ de números.

Em Braga, a Comissão Distrital indicou que a adesão ao protesto se situa nos 50%, enquanto a federação disse que só “quatro ou cinco” das 19 corporações de voluntários (existe ainda uma de sapadores) estão a passar informações à ANPC.

No Porto, a federação aponta para uma adesão de 75%, mas o Comando Distrital fala em 29%.

Castelo Branco é o distrito em que esta ‘guerra’ é mais extremada: a federação aponta para mais de 70% das corporações de bombeiros sem transmitir informações, ao passo que o CDOS disse que a maioria das 12 corporações está a comunicar os dados.

Em Coimbra, a adesão é superior a 75%, de acordo com a federação, e de 50% para o Comandante Distrital de Intervenção e Socorro.

Ainda de acordo com os dados recolhidos pela Lusa, no distrito de Portalegre cinco associações, em 15, não comunicaram os dados.

Por seu turno, o presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) afirmou hoje que há situações no país em que o reporte de ocorrências é de 100% e outras em que é quase nulo.

Poderei dizer, sem estar a tipificar, porque não pretendo entrar em guerra de números. Temos situações em que o reporte é a 100% e temos uma ou outra situação que o reporte é quase nulo. Portanto, temos situações díspares nos vários distritos", afirmou Mourato Nunes.

Para contestar a reforma da Proteção Civil aprovada pelo governo, o Conselho Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses decidiu suspender todo o encaminhamento de informação operacional aos Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS) desde as 00:00 de domingo.

Os bombeiros protestam contra as propostas aprovadas no Conselho de Ministros de 25 de outubro, na área da proteção civil, com a maior contestação centrada nas alterações à lei orgânica da Autoridade Nacional de Emergências e Proteção Civil, futuro nome da atual Autoridade Nacional de Proteção Civil.

Uma das medidas mais contestada na nova lei orgânica é a área de atuação dos CDOS deixar de corresponder aos distritos e passar a ter a abrangência das comunidades intermunicipais.

A LBP reivindica uma direção de bombeiros autónoma independente e com orçamento próprio, que diminua os custos e aumente a eficácia, um comando autónomo e o cartão social do bombeiro.

Castelo Branco deixa de comunicar à ANPC

O presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Castelo Branco garantiu segunda-feira que a partir das 00:00 de terça-feira todas as corporações do distrito deixam de comunicar informação à Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).

À agência Lusa, José Neves garantiu que a partir das 00:00 nenhuma das 12 corporações de bombeiros do distrito irá comunicar qualquer informação à ANPC.

José Neves sublinhou que todas as situações de socorro continuam a ser garantidas pelos bombeiros do distrito, adiantando não se ter registado nenhuma situação que ficasse por resolver.

A única coisa que não estamos a fazer é dizer à Autoridade Nacional de Proteção Civil o que estamos a fazer", declarou.

O presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Castelo Branco acrescentou que os bombeiros estão a lutar por um conjunto de reivindicações que se prendem com a criação de um comando autónomo dos bombeiros, a criação de uma direção nacional que seja autónoma jurídica e financeiramente, e a criação do cartão social do bombeiro.

O Conselho Nacional da Liga dos Bombeiros Voluntários aprovou no sábado, "por unanimidade e aclamação de pé", suspender toda a informação operacional aos Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS) a partir das 00:00 de domingo.

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