Douro: EDP reformula projecto de barragem - TVI

Douro: EDP reformula projecto de barragem

Empresa já estudava «o melhor enquadramento ambiental» antes da denúncia de que a obra poderia custar à região a perda do estatuto de Património da Humanidade

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A EDP está a reformular o projecto da central eléctrica da barragem de Foz Tua para enquadrar a obra no Douro Vinhateiro Património da Humanidade e criar mais um motivo de atracção e valorização.

O director-geral do projecto da barragem, Freitas da Costa, explicou à Lusa, durante uma visita ao local, que a EDP está a trabalhar com «o arquitecto de reconhecido prestígio internacional Souto de Moura para conseguir a melhor solução possível e para que a barragem venha a constituir um valor acrescentado para o local».

Segundo disse, a barragem em si, ou seja o paredão, fica no limite, na zona tampão, do Alto Douro Vinhateiro, e a central de produção de energia é que já se encontra em pleno Património da Humanidade.

Os eventuais impactos da barragem de Foz Tua no Douro Vinhateiro motivaram uma recomendação ao Estado português por parte da UNESCO, o organismo mundial responsável pela classificação como Património da Humanidade.

A recomendação surgiu depois de uma visita a Portugal da ICOMOS, um grupo técnico da UNESCO para avaliar os referidos impactos, na sequência de uma queixa apresentada pelo Partido Ecologista «Os Verdes» (PEV).

Num relatório concluído no final de Junho e remetido ao governo português em Agosto, a Icomos aponta os impactos negativos e graves da construção do empreendimento e sublinha que o Estado português não adoptou todos os procedimentos a que está obrigado perante a UNESCO no processo de análise e aprovação do projecto da barragem.

De acordo com o relatório elaborado pela Icomos, citado pelo jornal Público, a construção da barragem terá «um impacto irreversível e ameaça o valor excepcional universal [que é o fundamento da classificação da UNESCO]».

O Estado Português deverá responder à recomendação da UNESCO, segundo os procedimentos habituais.

Como explicou à Lusa a dirigente do PEV Manuela Cunha, «a UNESCO não tem poder de impor ao Estado português, apenas de fazer recomendações», mas em última instância pode avançar para a «desclassificação, se concluir que o objecto da classificação foi desvirtuado».

O responsável pela barragem na EDP, Freitas da Costa, disse à Lusa que dentro de cinco anos, quando a obra estiver concluída, quem passar na zona do Douro Vinhateiro, nomeadamente os turistas que viajam de barco, «vai ver a barragem» mas garantiu que a empresa está a fazer um «imenso trabalho ao longo da albufeira e zona envolvente para que se consiga uma integração o melhor possível».

«Tenho a certeza de que a solução que vai ser construída vai ser muito boa do ponto de vista do enquadramento ambiental e vai ser, sendo um projecto do arquitecto Souto Moura, mais um motivo de atracção e de valorização desta região», acrescentou.

Freitas da Costa sublinhou que existem no país «bons exemplos» de barragens que se tornaram um símbolo, nomeadamente na região transmontana.

A barragem de Picote, no Douro Internacional foi classificada, este ano, como monumento de Interesse Público, «reconhecendo-lhe a qualidade arquitectónica e de integração no meio em que está inserida», como referiu.
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