Advogado de Joe Berardo: "Acho curiosas investigações que duram cinco/seis anos e só depois é que há um detenção" - TVI

Advogado de Joe Berardo: "Acho curiosas investigações que duram cinco/seis anos e só depois é que há um detenção"

Paulo Saragoça da Matta deixou, no entanto, um curioso elogio aos inspetores da Polícia Judiciária

Foi em declarações aos jornalistas que Paulo Saragoça da Matta, advogado de Joe Berardo, considerou "curioso" o facto da detenção do empresário madeirense ter ocorrido tanto tempo depois do início da investigação por parte do Ministério Público (MP) e da Polícia Judiciária (PJ). 

O que eu penso destas detenções está escrito e publicado em obra académica. Acho sempre curiosas estas investigações que duram cinco/seis anos e só depois é que alguém se lembra de haver uma detenção", afirmou. 

Questionado sobre as queixas do MP sobre a falta de meios, para que a investigação fosse mais rápida, Saragoça da Matta disse apenas: "Há 27 anos que sou advogado e nunca me lembro de haver meios. Há mais meios hoje do que havia há 27 anos, mas nunca serão os suficientes".

Ainda dentro das "curiosidades" deste caso, o advogado de Joe Berardo elogiou o trabalho dos 180 inspetores da PJ envolvidos e deixou claro que não estava a ser irónico. 

Eu tenho a elogiar muito a amabilidade e a simpatia dos senhores inspetores da Polícia Judiciária, que foram muito simpáticos e amáveis" e acrescentou "estou a falar a sério, estou a fazer um grande elogio." 

Paulo Saragoça da Matta revelou que o estado de espírito de Berardo é de "calma total" e de "serenidade", garantindo que o empresário tem colaborado sempre com a investigação.

Questionado se Berardo vai responder às perguntas do juiz Carlos Alexandre, respondeu: "não sei, ainda vou pensar sobre isso". 

Recorde-se que esta manhã o MP e a PJ avançaram com uma megaoperação que visava a detenção, com mandado emitido, do empresário madeirense, por suspeitas de crimes como burla qualificada, fraude fiscal, branqueamento de capitais e administração danosa - pela forma como conseguiu obter, em 2006, empréstimos da Caixa Geral de Depósitos, que em 2015 ainda revelavam uma exposição do banco público à Fundação Berardo na ordem dos 268 milhões de euros em créditos mal parados.

Em causa, a forma como depois montou um esquema de dissipação de património e dinheiro, através de empresas-veículo, para conseguir escapar aos credores: além da Caixa, deve ainda milhões de euros a outros bancos. 

Acredita a investigação que esse créditos ruinosos na caixa - de 350 milhões de euros para compra de ações do BCP, que logo depois desvalorizaram - foram conseguidos através de uma relação privilegiada com o Governo que na altura era liderado por  José Sócrates.

O Ministério Público estabelece ainda uma relação entre a concessão desses créditos e o facto de ter sido celebrado com o Governo um acordo para que 862 obras de arte da fundação Berardo fossem expostas no Centro Cultural de Belém.

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