Inglês quer operar homem-elefante - TVI

Inglês quer operar homem-elefante

  • Portugal Diário
  • 15 dez 2007, 15:12
Homem da «máscara» em Lisboa (Manuel de Almeida/Lusa)

Pedinte do Rossio ainda não disse se aceita submeter-se a técnica inovadora. Médico fará operação de borla, sem transfusão de sangue. É uma exigência de José Mestre, que é testemunha de Jeová Entrevista com homem que há mais de duas décadas pede no Rossio, em Lisboa

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Um médico britânico ofereceu-se para tratar gratuitamente, com uma técnica inovadora que evita a transfusão de sangue rejeitada por José Mestre, o homem com a cara deformada que há mais de duas décadas pede no Rossio, em Lisboa, refere a Lusa

A solução foi proposta por Iain Hutchison, do Hospital São Bartolomeu, em Londres, após uma consulta na capital britânica, em meados de Julho, mas, até agora, José Mestre não deu resposta.

«Eu ofereci-me para fazer a operação sem cobrar e penso que as autoridades portuguesas pagariam pelo internamento hospitalar [no âmbito da cooperação europeia entre os serviços de saúde dos 27]», revelou o cirurgião.

Técnica inovadora de cirurgia

O tratamento seria feito através de uma técnica recente, «o bisturi harmónico, que usa ondas de ultra-som para coagular os vasos sanguíneos», reduzindo a perda de sangue, indica.

Este método facilitaria a intervenção cirúrgica necessária para tratar a malformação vascular e o angioma de que padece, sem a transfusão de sangue que José Mestre rejeita por ir contra a sua crença religiosa, enquanto Testemunha de Jeová.

Angioma compromete fala e coluna

O angioma, que progride desde a infância e hoje chega abaixo do pescoço, está a comprometer-lhe cada vez mais a fala e a vergar-lhe a coluna devido ao peso.

O médico ilustra o resultado da técnica como «cortar o caule a uma flor sem cortar a flor».

«Era isso que faríamos, cortar todos os caules que ele tem, reduzindo grande parte da lesão, o que o deixaria com a cara relativamente normal», prognostica, propondo dividir o tratamento em duas fases.

Devido ao angioma, explica o cirurgião, a pele ainda estaria vermelha como está agora, o lábio inferior continuaria pendurado e o nariz deformado.

«A segunda etapa seria uma operação correctiva convencional de reconstrução que teria como objectivo reduzir o volume do lábio e dar uma melhor forma ao nariz», acrescenta.

Associação de solidariedade «Salvar caras»

Cada intervenção cirúrgica teria uma duração de seis a sete horas, calcula o clínico, espaçadas por entre três e cinco meses.

Reconhecendo o caso como «altamente invulgar e complexo», Hutchison, que é fundador de uma organização de solidariedade intitulada «Salvar caras», garante que esta solução é mais simples e segura do que outras hipóteses.
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