Associação acusa CGD de dar donativos para Pedrógão a hospitais - TVI

Associação acusa CGD de dar donativos para Pedrógão a hospitais

  • 23 out 2017, 23:33
O que resta de Pedrógão Grande

Frente Cívica diz que parte dos mais de 2,5 milhões de euros angariados não chegou às vítimas do incêndio de Pedrogão Grande. Caixa Geral de Depósitos diz que fundos forma geridos pela Gulbenkian

A associação Frente Cívica acusou a Caixa Geral de Depósitos de redirecionar donativos recebidos pelos incêndios para equipar hospitais e não para os fins anunciados, mas o banco diz que a gestão dos fundos coube à Fundação Gulbenkian.

Em comunicado enviado às redações, a associação – que tem como co-fundadores o ex-candidato presidencial Paulo Morais; o presidente da Associação Portuguesa do Direito do Consumo, Mário Frota, e Teresa Serrenho, sócia-fundadora da Associação Nacional dos Movimentos Autárquicos Independentes – indica que “a conta-solidariedade aberta pela CGD angariou, até 15 de Julho, 2,651 milhões de euros” por motivo dos incêndios de Pedrogão Grande.

De acordo com a Frente Cívica, a Caixa “definiu como destino dos donativos” quatro prioridades: “a reconstrução e reabilitação das primeiras habitações”; “a reconstrução ou reabilitação de anexos agrícolas”; “a recuperação dos meios de subsistência das famílias mais gravemente afetadas e “o apoio às associações de apicultores com alimentação sólida para as abelhas”.

Esta é a informação - incluindo as quatro prioridades - consta na informação na página da Caixa Geral de Depósitos, datada de 11 de outubro.

A Frente Cívica, que reconhece que “os donativos (...) foram repassados à Fundação Calouste Gulbenkian para que esta gerisse as verbas”, diz agora que o banco "instruiu" a Fundação para que esta desse outro fim a parte desse montante.

Inexplicavelmente, o presidente da Caixa resolveu instruir a Fundação Gulbenkian a que atribuísse 500 mil euros de um tal montante aos hospitais para reforço dos meios de assistência. Com esta decisão há patentemente um desvio de fins, que contraria necessariamente a intenção das pessoas que se predispuseram a ajudar as vítimas e viola os mais elementares princípios de lealdade”, considera a associação.

Contactada pela agência Lusa, fonte oficial da Caixa Geral de Depósitos reiterou que as decisões em torno do fundo de apoio às vítimas dos incêndios – que junta donativos recolhidos na conta-solidária da CGD e contribuições da própria Gulbenkian e de empresas do papel como a Altri e a Navigator – resultam da gestão da Fundação Calouste Gulbenkian e não do banco público.

A Caixa Geral de Depósitos, como publicamente anunciou, direcionou os contributos dos portugueses para o fundo que está a ser gerido pela Fundação Calouste Gulbenkian, que tem como missão o apoio às vítimas dos incêndios da região de Pedrógão Grande”, disse a fonte oficial do banco.

Ainda assim, a Frente Cívica sublinha que “vai instar a Caixa Geral de Depósitos a que reponha os valores abusivamente distraídos das suas finalidades e o Ministro das Finanças, a tutela, para que force a mão à Caixa a bem cumprir o mandato implícito que os doadores lhe cometeram”.

O incêndio em Pedrógão Grande, em junho deste ano, alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.

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