Incêndio avança para distritos vizinhos e obriga a retirar pessoas de casa - TVI

Incêndio avança para distritos vizinhos e obriga a retirar pessoas de casa

  • VC - Atualizada às 08:47
  • 19 jun 2017, 06:36

Há mais de 2.000 operacionais no terreno para combater as chamas. Balanço mais recente dá conta de 62 mortos e 62 feridos, dois em estado grave. Dez pessoas retiradas de casa na aldeia de Aguda

O incêndio que deflagrou no sábado, no concelho de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, alastrou esta madrugada para os distritos vizinhos de Castelo Branco e Coimbra. Por agora, mantém-se o balanço provisório de 62 mortos e 62 feridos, dois deles em estado grave. Há mais de 2.000 operacionais no terreno a combater as chamas.

Já esta manhã, o comandante das operações de socorro, Elísio Oliveira, disse aos jornalistas que dez pessoas, três das quais acamadas, foram retiradas de casa pelos bombeiros na aldeia de Aguda, Figueiró dos Vinhos, devido ao incêndio que lavra naquela zona.

A operação - que estava em curso cerca das 04:45 de hoje - foi realizada para garantir a segurança das pessoas e que estas "estão perfeitamente acompanhadas e salvaguardadas".

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Quanto à evolução do incêndio, que continua a afetar os distritos de Leiria, Castelo Branco e Coimbra, a situação "continua a ser bastante complexa"

Seis grandes incêndios ativos

Pelas 08:30, havia mais de 2.150 operacionais, auxiliados por 662 veículos e dez meios aéreos combatem seis grandes incêndios nos distritos de Leiria, Coimbra, Castelo Branco e Bragança, segundo dados da Proteção Civil.

O maior incêndio continua a ser o do concelho de Pedrógão Grande, que deflagrou na tarde de sábado. Envolve 1.105 operacionais, 343 viaturas e cinco meios aéreos.

Ainda no distrito de Leiria, o fogo no concelho de Alvaiázere, que deflagrou pelas 20:40 de sábado, continua em curso (incêndio em evolução sem limitação de área) e está a mobilizar 115 bombeiros e 36 veículos.

No distrito de Coimbra, dois grandes fogos estão em curso nos concelhos de Penela e Góis.

No distrito de Castelo Branco, encontra-se em resolução (incêndio sem perigo de propagação para além do perímetro já atingido) o fogo que lavra desde sábado no concelho de Oleiros, na freguesia de Orvalho.

Também em resolução está o fogo em Vinhais, no distrito de Bragança, que deflagrou ontem à tarde.

Prioridade é também colocar pessoas em segurança

A ação dos operacionais junto das populações tem passado por deslocar pessoas, mas também, quando as condições de segurança o permitem, confinar os moradores ao local onde se encontram, devidamente protegidos.

É o oposto da evacuação ou da deslocação. É fácil de compreender, principalmente as pessoas idosas têm muita dificuldade em largar os seus pertences e sair de suas casas e desde que existam condições de segurança mantemo-las nesse espaço".

Já quando a debilidade ou o estado de saúde das pessoas ou a violência do próprio incêndio assim o aconselha, as autoridades têm optado por deslocar para um local seguro.

Há ainda dezenas de deslocados, estando por calcular o número de casas e viaturas destruídas.

Temperaturas elevadas e risco de incêndio

Os distritos de Leiria, Santarém e Coimbra, fortemente afetados pelos incêndios, vão continuar hoje com temperaturas elevadas, a rondar os 38 graus celsius. Uma situação atmosférica acompanhada de vento, que pode ser moderado a forte. Há uma série de concelhos com risco máximo de incêndio.

O meteorologista Bruno Café disse à Lusa que as temperaturas, a humidade e a velocidade do vento naqueles distritos [que estão sob ‘aviso laranja’ devido ao tempo quente] “não vão ser hoje muito diferentes do registado no domingo”.

Em relação à temperatura, vai rondar os 38 graus de um modo em geral naqueles distritos. Vamos ter um dia com vento fraco, mas o que pode acontecer uma vez que continuamos com alguma instabilidade que gera alguma convexão que pode ter associadas rajadas de vento”

Localidades afetadas

No distrito de Leiria, o concelho mais afetado é o de Pedrógão Grande e o presidente da câmara acredita que possa haver mão criminosa. Valdemar Alves disse que o local onde o fogo começou "não havia trovoada".

foram também afetados os concelhos de Figueiró dos Vinhos, onde ardeu mais de metade da área florestal, e Castanheira de Pera.

Este incêndio, que teve início no sábado em Escalos Fundeiros, concelho de Pedrógão Grande, alastrou também para os distritos vizinhos de Castelo Branco e Coimbra.

As chamas chegaram ao distrito de Castelo Branco através do concelho da Sertã e ao de Coimbra pelo município de Pampilhosa da Serra.

Dado o impacto deste incêndio, o Ministério da Educação decidiu suspender as aulas e os exames nos concelhos de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos (distrito de Leiria), Sertã (Castelo Branco) e Pampilhosa da Serra (Coimbra).

Ministério Público abre inquérito criminal

Para determinar as causas do incêndio que começou em Pedrógão Grande, o Ministério Público vai abrir um inquérito criminal, confirmou à Lusa o procurador distrital de Coimbra, Euclides Dâmaso, depois de o Observador ter avançado com a notícia.

A justiticação é que é preciso comprovar a teoria avançada pela Polícia Judiciária, que apontou trovoadas secas como as causas do incêndio, tendo encontrado uma árvore que foi atingida por um raio. ""Vai ser aberto um inquérito. Não tenho razões para desconfiar, mas tem que ficar comprovado no inquérito", referiu Euclides Dâmaso.

Caso se confirme que o incêndio foi provocado por trovoadas secas, o Ministério Público procederá ao arquivamento do processo.

Posto de comando operacional mudou de sítio

Durante a noite, a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) decidiu mudar o posto de comando operacional que estava instalado em Pedrógão Grande para o concelho de Ansião, também no distrito de Leira. A alteração foi justificada pela necessidade de ter uma “melhor cobertura de rede”.

A estrutura ficou localizada no mercado municipal da freguesia de Avelar, cerca de 20 quilómetros a oeste da localização anterior.

Estradas reabertas em Leiria, mas não em Coimbra e Castelo Branco

Também nas últimas horas, as autoridades reabriram todas as estradas do distrito de Leiria que estavam encerradas devido aos incêndios, mas manteve os cortes de vias nos distritos de Coimbra e Castelo Branco.

Em Coimbra, continua cortada a circulação na A13 — Autoestrada do Pinhal Interior, entre o nó do Itinerário Complementar (IC) 8 e o nó de Penela (Coimbra) e na Estrada Nacional (EN)l236 na zona da Lousã.

Em Castelo Branco, permaneciam de madrugada os cortes na circulação no concelho da Sertã, nomeadamente na EN238 e na estrada municipal 237.

Pelas 06:00, a Proteção Civil dava conta na sua página na Internet de 20 incêndios ativos, que mobilizavam 2.341 operacionais, apoiados por 721 viaturas e dois meios aéreos.

O incêndio em Pedrógão Grande continua a ser o que mais meios mobilizava, com 971 operacionais, 304 viaturas e um meio aéreo.

 

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