Pedrógão: fugir de casa foi fatal para muitas das vítimas - TVI

Pedrógão: fugir de casa foi fatal para muitas das vítimas

  • BM
  • 28 jul 2017, 11:35

Estudo pedido pelo Governo revela que se a maioria das vítimas tivesse ficado em casa tinha mais probabilidade de sobreviver

O estudo encomendado pelo Governo relativo à tragédia de Pedrógão Grande já revelou, numa primeira ilação preliminar, que se a maioria das vítimas tivesse permanecido em casa, em vez de tentar fugir do fogo, teria mais probabilidades de ter sobrevivido, noticia a TSF.

Esta é uma das primeiras conclusões do estudo, liderado por Xavier Viegas, coordenador do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

Não posso dizer isso como regra geral e absoluta, mas como regra sim, as pessoas que permanecessem nas suas casas teriam mais probabilidade de sobrevivência”, explicou Xavier Vegas, em declarações à TSF.

O especialista em incêndios defendeu que, geralmente, é preferível ficar em casa ou na aldeia, se não houver a hipótese das pessoas fugirem a tempo e em segurança.

Se não há condições para a pessoa se retirar a tempo, com toda a segurança, de dentro da aldeia, ou vila, então o melhor é não se fazer à estrada, se um fogo estiver por perto. Esta é a nossa recomendação”, acrescentou.

As conclusões finais da investigação deverão ser apresentadas em outubro e um dos objetivos é perceber o que levou as pessoas a saírem de casa.

Testemunhos na primeira pessoa

Há pouco mais de uma semana, o Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais fez um apelo a quem viveu o drama do grande fogo, que atingiu vários concelhos, para que envie fotos, vídeos e testemunhos na primeira pessoa.

Xavier Vegas revelou à TSF que o resultado do apelo tem sido positivo e que têm recebido cerca de uma dezena de contactos por dia, o que tem ajudado a perceber melhor o que se passou.

Segundo o coordenador do estudo, um australiano, proprietário de uma casa na zona, enviou um testemunho “detalhado e minucioso”, que incluía relatos de outros estrangeiros da região e fotos.

Outro depoimento marcante, intitulado “Estamos vivos”, chegou de uma família que viu as chamas de perto e Xavier Vegas contou que o documento que enviaram estava “muito bem feito, claro, com horas, fotografias e vídeos que mostram o incêndio quando este andou perto da sua casa”. A equipa responsável pelo estudo esteve com essa família e acompanhou-os aos lugares onde viveram os momentos de pânico.

Os relatos que têm recebido e o trabalho das equipas no terreno são, para Xavier Vegas, muito importantes para que se apure o que correu mal, no incêndio de Pedrógão Grande, a 17 de junho, no qual morreram 64 pessoas.

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