Pedrógão também pede que portugueses suspendam ajudas - TVI

Pedrógão também pede que portugueses suspendam ajudas

  • PD
  • 24 jun 2017, 16:05
Voluntários ajudam na distribuição dos bens doados

Presidente dos bombeiros diz que entregas já são "um sufoco". Pede tempo para organizar

À semelhança de Figueiró dos Vinhos, onde se pede para não ser entregue mais roupa, o presidente da Associação de Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande apela a que as pessoas suspendam por "alguns dias" a entrega de ajuda. 

É um sufoco. É muita coisa. São toneladas e toneladas de roupa, de sapatos", notou o presidente da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, Carlos David, pedindo à população para suspender por alguns dias a entrega de ajuda na sequência dos incêndios que provocaram a morte a 64 pessoas.

Segundo Carlos David, a ajuda recebida no quartel dos bombeiros é "demasiada" para esta fase, sendo que, face à quantidade de apoio recebido, ainda não foi possível organizar a operação.

Não estamos a fazer a triagem, a selecionar a roupa, que tem de se catalogar. Quanto mais chega, menos tempo" há para a seleção, frisou, pedindo às pessoas para deixarem os bombeiros organizarem-se.

Deixem-nos respirar e organizar. Queremos organizar bem e servir a população, mas temos que ter aqui alguma disciplina. O apoio foi do tamanho do mundo e nós somos pequeninos. Não temos dimensão para isso", disse à agência Lusa Carlos David.

De acordo com o presidente da associação de bombeiros, há pequenos armazéns que estão a ser utilizados para armazenar a ajuda recebida, sendo que há instalações em "stand by" para o caso de ser necessário utilizá-las.

Carlos David sublinhou que os bombeiros têm também levado a ajuda a outras corporações e postos de apoio, visto que, neste momento, "não há barreiras, não há concelhos, é toda uma região".

A ajuda, frisou, "está a chegar às juntas" e as juntas estão a distribuir no terreno, vincando que, caso alguém não esteja a receber ajuda, apenas precisa de avisar os bombeiros.

Este sábado, por exemplo, dois camiões TIR com donativos recolhidos no Alto Minho e na Galiza partiram, de manhã, do quartel dos bombeiros municipais de Viana do Castelo, com destino a Pedrógão Grande, para apoiar as vítimas dos incêndios.

Em declarações à agência Lusa, o Comandante Distrital de Operações de Socorro (CODIS), Marco Domingues explicou que um dos veículos transporta donativos recolhidos pelos bombeiros voluntários de Valença, “mais de 50% disponibilizados pela população da Galiza”.

Houve uma adesão enorme da população galega o que nos deixa muito satisfeito. Toda a gente colaborou. Desde pequenos a grandes empresários, pessoas individuais a instituições. É uma lista enorme. É uma operação transfronteiriça que excedeu muito as expectativas”, disse, destacando a solidariedade da transportadora João Pires que manifestou “toda a disponibilidade”, cedendo os dois veículos pesados para transporte dos bens.

Mobiliário, roupa de todo o tipo, brinquedos, utensílios domésticos, medicamentos, rações para animais foram concentrados nos últimos dias em dois pontos de recolha. Um em Viana do Castelo, no quartel dos bombeiros municipais e o outro nos bombeiros voluntários de Valença.

O Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Viana do Castelo percebeu que havia muitas associações implicadas neste projeto, desde a Cáritas Diocesana, a agrupamentos de escuteiros e que isso ia gerar um problema logístico. Decidimos agarrar a operação e coordenar o transporte”.

Dois grandes incêndios, que provocaram a morte a 64 pessoas e ferimentos a mais de 200, deflagraram no dia 17 na região Centro, tendo obrigado à mobilização de mais de dois milhares de operacionais.

Estes incêndios, que deflagraram nos concelhos de Pedrógão Grande e Góis, consumiram cerca de 53 mil hectares de floresta [o equivalente a 53 mil campos de futebol] e obrigaram à evacuação de dezenas de aldeias.

O fogo que deflagrou em Escalos Fundeiros, em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, alastrou a Figueiró dos Vinhos e a Castanheira de Pera, fazendo 64 mortos e mais de 200 feridos.

As chamas chegaram ainda aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra, mas o fogo foi dado como dominado na quarta-feira à tarde.

O incêndio que teve início no concelho de Góis, no distrito de Coimbra, atingiu também Arganil e Pampilhosa da Serra, sem fazer vítimas mortais. Foi extinto este sábado, às 13:00.

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