“Parou, parou, parou, parou, alto, se não disparo” - TVI

“Parou, parou, parou, parou, alto, se não disparo”

  • CM
  • 17 nov 2017, 16:49

Exclusivo TVI: testemunha conta o que viu na madrugada de quarta-feira no Bairro da Encarnação, em Lisboa, onde uma mulher morreu baleada pela polícia quando seguia ao lado de um condutor em fuga

No início não percebeu as palavras que lhe chegavam da rua, mas com a contínua repetição acabou por ouvir: “Parou, parou, parou, parou, se não disparo.” Este é o relato de uma testemunha do que aconteceu na madrugada de quarta-feira no Bairro da Encarnação, em Lisboa, em que uma mulher morreu baleada no pescoço pela polícia, quando seguia ao lado de um condutor em fuga.

Comecei por ouvir um grupo de homens a gritar uma palavra que não percebia, porque a meio da noite é difícil, mas que depois percebi. Depois ouvi dois disparos, a seguir há uma pausa mínima e depois uma salva de disparos, uns 30 a 40 tiros, um som ensurdecedor. Logo de seguida passa um carro a alta velocidade”, contou a mulher, que pediu para não ser identificada com medo de represálias, em exclusivo à TVI, no programa SOS24.

A testemunha não ouviu a PSP a identificar-se, mas o áudio a que a TVI teve acesso, prova que os agentes identificaram-se antes de abordar o carro suspeito.

O carro passa a alta velocidade entre o muro e o carro da PSP e veem-se novamente os policias a correr. Há mais dois disparos e continua a ouvir-se: ‘parou, alto!’. A parte da identificação não consigo precisar, mas, àquela hora, qualquer pessoa que ouvisse ‘alto, pare, se não disparo!’ penso que seria o suficiente para parar.”

A mulher conta que a presença policial seria claramente identificável, uma vez que “no final da rua havia uma carrinha com as luzes ligadas”, além de agentes “fardados”.

Depois da fuga, foi a parte que mais me recordo, porque vejo os polícias desconsolados, falando alguns com as mãos na cabeça, dizendo como é que os deixaram escapar, como é que eles fugiram… E continuaram a realizar buscas na própria rua, em outros veículos, não foram logo embora.”

Quanto ao suspeito, que conduzia de luzes apagadas, viria a saber-se mais tarde que não tinha carta de condução nem seguro do carro, e que tinha cadastro, a testemunha disse à TVI não o conhecer “pessoalmente”, apesar de todos no bairro saberem “que é uma pessoa problemática”.

Não é de trato fácil, penso que já ameaçou alguém, pelo menos ao nível de danos materiais”, contou, ainda.

 

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