A Ordem dos Farmacêuticos quer voltar a ter apenas nas farmácias alguns medicamentos não sujeitos a receita médica que hoje em dia se vendem noutras superfícies. Em causa está a contraceção de emergência, como a pílula do dia seguinte, mas também medicamentos como o paracetamol. O objetivo é evitar o uso abusivo.
A proposta da Ordem deverá ser entregue ao Infarmed até final do ano. Surge “não tanto pelas características farmacológicas das substâncias", mas pela sua utilização, explicou à Lusa, a bastonária dos farmacêuticos, Ana Paula Martins.
Se uma jovem todas as semanas usar contraceção de emergência pode tornar-se uma questão de saúde pública”.
Outro exemplo é o paracetamol, “um medicamento com uma das melhores relações beneficio-risco que se conhece” e que no Reino Unido, há uns anos, “começou a ser usado para intoxicação voluntária”.
Para a bastonária, a farmácia “garante uma disponibilização mais cuidada, mais avaliada e mais conscienciosa”.
Na farmácia existem técnicos, existem farmacêuticos e um diretor técnico, que está lá”.
A vontade de aumentar a lista dos medicamentos não sujeitos a receita médica de venda exclusiva em farmácias foi hoje revelada pelo jornal Correio da Manhã, que escreve que Portugal é o país da Europa com mais medicamentos fora das farmácias e critérios de segurança mais permissivos.
A posição da Ordem dos Farmacêuticos surge uma semana depois de a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) ter manifestado a expetativa do setor em alargar a lista de medicamentos não sujeitos a receita médica comercializados nos seus espaços.
"A expectativa do setor da distribuição" é de que "haja aqui um caminho que se faça no sentido de aumentarmos a lista dos produtos dos medicamentos não sujeitos a receita médica que podem ser vendidos e comercializados no espaço da distribuição", afirmou a diretora-geral da APED, Ana Isabel Trigo Morais, na semana passada, na apresentação do barómetro de vendas do primeiro semestre, que decorreu em Lisboa.
Segundo a responsável, "é expectativa dos associados da APED e do setor que os reguladores, nomeadamente o Ministério da Saúde e o Infarmed, revejam esta lista de medicamentos que podem ser vendidos nestes espaços de saúde [da distribuição] e que, à semelhança daquilo que acontece noutros países que começaram a experiência há muitos mais anos, nós possamos ter uma oferta ao consumidor mais diversificada, sempre no cumprimento do que são os requisitos para a realização desta venda".